Olá,
Na edição de hoje, além de iniciar a seção “Sobre gestão” também trouxe um assunto que muito me interessa na seção “Falando sobre agilidade”. Em qualquer time que trabalhei, sempre prezei pela organização. Na minha opinião, não interessa o quanto o propósito do time seja inspirador e o quanto eu goste do meu papel, se o dia a dia é desorganizado, não consigo me ver no time por muito tempo.
Felizmente, conheci a agilidade e ela prega a respeito de times sustentáveis e que mantém um ritmo constante indefinidamente, então preciso trabalhar para manter esse princípio vivo e verdadeiro no time. Uma das formas que encontrei, foi manter uma rotina e é o que compartilho aqui.
Espero que a edição de hoje faça sentido e que você enxergue uma maneira diferente de trabalhar ou, melhor ainda, consiga reconhecer o seu dia a dia no princípio discutido aqui.
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🔄 Falando sobre agilidade: Ritmo sustentável
👥 Sobre gestão: Introdução
📘 Livro do mês: A regra é não ter regras
📚 Lista de leitura
Falando sobre agilidade: Ritmo sustentável
Uma seção para falar de agilidade, misturando teoria, prática e muitos questionamentos.
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Voltando a falar sobre os princípios do Manifesto ágil, gostaria de comentar hoje a respeito do seguinte:
Os processos ágeis promovem desenvolvimento sustentável. Os patrocinadores, desenvolvedores e usuários devem ser capazes de manter um ritmo constante indefinidamente.
Sempre que leio esse princípio, a primeira coisa que penso é rotina. Rotina pode ser construída e aperfeiçoada junto ao time, totalmente independente do framework de trabalho escolhido, mas, como sempre, vou atrelar os exemplos ao Scrum.
Estabelecer uma rotina gera diversos benefícios como aliviar a ansiedade, diminuir o stress e aumentar o foco, por exemplo. Então, faz muito sentido organizar o trabalho do time de forma que os rituais tenham previsibilidade e as incertezas permaneçam apenas no problema a ser resolvido para colaborar na manutenção do ritmo sustentável de trabalho.
Imagine trabalhar em um time onde a Planning acontece no primeiro dia da Sprint, mas sem um horário fixo ou duração bem definida. Agora imagine trabalhar em um time onde a Planning acontece no primeiro dia da Sprint, às 09:00 e tem 3 horas de duração. Aposto que você iria preferir estar no time do segundo exemplo.
Manter horários fixos, explicitar o objetivo das cerimônias e seguir uma cadência ao longo da Sprint ajuda todo o time a se organizar. Conforme o tempo passa, todos estarão acostumados com as dinâmicas e entrarão nas agendas preparados para colaborar e gerar os artefatos necessários para seguir com o trabalho.
Para atender a esses pontos, costumo seguir a seguinte organização:
Marcar as cerimônias como recorrência: no exemplo da Planning, o convite enviado para o time já seria a recorrência de uma agenda de 3 horas de duração, iniciando às 09:00 a cada duas semanas;
Incluir informações relevantes no convite: para que todos os participantes possam se preparar para a cerimônia, incluo no texto do convite o objetivo, entradas e saídas da reunião;
Fornecer contexto inicial: é sempre bom considerar que nem todas as pessoas leem o convite, então, ao iniciar uma cerimônia, relembro o motivo pelo qual estamos reunidos e o que queremos ter acordado ao final da reunião;
Firmar acordos: antes das Sprints iniciarem, sempre faço acordos com o time em relação aos horários e expectativas de cada cerimônia. Assim, caso alguém não esteja familiarizado com algum aspecto do framework sendo utilizado, pode tirar as dúvidas iniciais antes de entender como o trabalho será conduzido na prática.
Outro apoio importante para a manutenção de uma rotina sustentável são as ferramentas de gestão. Criar um quadro para acompanhamento e fazer acordos para mantê-lo atualizado sem atrapalhar o fluxo de trabalho ajuda na coleta de métricas e aprendizado constante.
Atualmente, o time onde atuo tem configurado no Slack dois alertas para atualizar o quadro: um de manhã antes da Daily e outro pouco antes do final do dia de trabalho. Esse acordo simples com o time estabelece uma rotina de atualização do quadro tranquila, porém suficiente para gerar o valor esperado para o time.
Além dos acordos envolvendo os convites e a ferramenta de gestão, também é interessante estabelecer acordos para os itens de trabalho:
Definition of Ready: descreve quais são os requisitos necessários para que a User Story seja considerada pronta para entrar na Sprint e ser desenvolvida;
Definition of Done: descreve quais são os requisitos necessários para considerar a User Story como concluída.
Essas duas definições estabelecem previsibilidade no trabalho que será solicitado para o time e no que deve ser concluído para que esse mesmo trabalho seja considerado pronto. O PO sabe o que precisa incluir numa User Story para que o time seja capaz de se comprometer com o item e o time sabe quanto trabalho falta para considerar o item como concluído.
Ter uma rotina não significa ignorar imprevistos, mas sim ser capaz de gerenciá-los sem sacrificar o time. Mas esse é um tópico que pode ser expandido ao falar de outro princípio.
Como Scrum Master, você é o guardião do processo de trabalho e o responsável por reforçar os acordos e as boas práticas do time. Seguindo uma organização e mantendo uma rotina onde os integrantes do time possuem espaço para trabalhar e produzir de forma saudável, é possível evoluir o time para um grupo de boa performance com ritmo sustentável.
Sobre gestão: Introdução
Uma seção para compartilhar as minhas descobertas a respeito da gestão de pessoas.
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Depois de experimentar a gestão de pessoas informalmente, estou trabalhando oficialmente como gestora de um time há pouco mais de dois meses. Se quiser entender melhor a minha nova atuação, recomendo a leitura do post “Como foi o meu processo de troca de emprego”. Nele, explico as minha ansiedades em relação à minha carreira e como direcionei o meu foco para a gestão de pessoas.
Em resumo, além de manter o meu papel como Scrum Master, as minhas responsabilidades agora incluem atividades de gestão que sinto que preciso aperfeiçoar, e até mesmo conhecer melhor, para atender às expectativas. Essa seção vai documentar esse passo seguinte, onde pretendo compartilhar tudo o que estou aprendendo e como está sendo essa atuação.
Se você está passando por uma transição de carreira para a gestão, já atua como gestor ou apenas gostaria de saber quais expectativas poderia ter em relação a sua gestão atual, acredito que essa nova seção possa trazer valor para você.
A minha intenção aqui é compartilhar os meus estudos a respeito de gestão, com as minhas experiências pessoais misturadas com a teoria. Não vai ser um material exaustivo, mas acredito que vai cobrir o suficiente para quem se interessa pelo assunto.
Organizar as minhas anotações foi um pouco trabalhoso, mas, depois de fazer um mapa mental, decidi agrupar o conteúdo em 5 grandes grupos:
Competências
Pessoas
Times
Facilitação
Resultados
Dentro de cada grupo, existem vários assuntos que quero falar a respeito e que considero importante trabalhar ou pelo menos conhecer as definições. Alguns grupos possuem mais tópicos do que os outros, então não sei dizer em quantas edições essa seção será finalizada. Mas considere como essa a ordem em que os assuntos irão aparecer por aqui.
Na próxima edição, começo falando sobre as competências, iniciando pela fase de transição entre colaborador individual e gestor de pessoas. Espero que seja mais um material valioso que vamos percorrer juntos na Trilha de Valor.
Livro do mês: A regra é não ter regras
Todo mês, uma indicação de livro para o desenvolvimento pessoal e profissional.
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Ficha técnica
Título: A Regra é Não Ter Regras: A Netflix e a Cultura da Reinvenção
Autores: Reed Hastings e Erin Meyer
Editora: Intrínseca
Porque é uma boa leitura
De todos os livros que li sobre cultura, acredito que o da Netflix foi o que mais me surpreendeu. O conceito de liberdade com responsabilidade é muito diferente de todos os ambiente que já trabalhei e, em parte, acho que isso se deve à cultura dos Estados Unidos. Comecei lendo um pouco cética e acreditando que não veria um bom exemplo de gestão e trabalho em equipe. Mas, conforme fui avançando na leitura, percebi que os exemplos descreviam uma empresa muito madura e com uma organização muito difícil de ser mantida.
Independentemente de concordar ou não com a abordagem escolhida pela Netflix, esse livro mostra conceitos e exemplos bem diferentes do que estava acostumada a ver. Outro ponto interessante, é que conhecemos melhor o dia a dia de uma empresa que está presente na vida de muitas pessoas e que é conhecida pelas boas práticas no desenvolvimento de software.
Escolhi esse livro como a primeira recomendação porque atualmente valorizo muito a cultura empresarial. Esse livro me apresentou uma cultura que considerei incompreensível num primeiro momento, mas que me fez pensar muito a cada justificativa apresentada. Acredito que também te fará pensar a respeito.
Lista de leitura
Registro de todos os livros que li desde o último envio da newsletter. A lista completa de livros que prometi ler esse ano pode ser vista no post Lista de leitura 2021.
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Ágil do jeito certo - Darrell Rigby, Sarah Elk e Steve Berez
O livro foi escrito por membros da consultoria Bain & Company e mostra como a agilidade pode ser aplicada no dia a dia das empresas. É um ótimo livro para quem não tem experiência prática com a agilidade e para quem quer fazer uma autoavaliação a respeito do ambiente ágil que vivencia.
A edição de hoje marca o início de uma nova fase na newsletter. Espero que o formato e o conteúdo sigam interessantes e fico no aguardo de feedbacks.
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Por hoje é isso, boa quinzena!
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Imagem do preview de Redd, via Unsplash