Olá,
Para a edição de hoje, decidi aproveitar alguns assuntos que precisei estudar para o trabalho. E o principal deles foi a empatia assertiva.
Como estava em época de feedback do ciclo de avaliação, me preocupei muito em passar todos os pontos da forma mais completa possível. Com exemplos, contexto e impacto. Mas nem todos os pontos são positivos. Por isso, me preparo para passar tudo de forma sincera e cuidadosa. Sempre me lembrando de que o objetivo final é a evolução das pessoas que trabalham comigo.
Se, assim como eu, você também precisa de uma ajuda para se preparar para conversas difíceis, acredito que o conceito de empatia assertiva pode te ajudar. Além de ser bom para quem precisa passar a mensagem, ele ajuda muito quem a recebe.
E também é nessa edição que envio o último texto sobre Gestão 3.0. A visão organizacional de hoje é a “melhorar tudo”, que fala sobre estratégias de melhoria contínua.
Espero que seja uma boa leitura.
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🎯 Tema da edição: Empatia assertiva
👩🏽💼 Sobre gestão: Melhorar tudo
🎯 Tema da edição: Empatia assertiva
Seção para falar sobre o tópico principal da edição.
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Mês passado, eu fiz as devolutivas do ciclo de avaliação de competências com a minha Squad e uma mentoria coletiva sobre o tema. Por estar com ele bem fresco na cabeça, acredito que é interessante falar desse tema na newsletter também.
O termo empatia assertiva foi proposto por Kim Scott. No livro "Empatia assertiva", ela descreve a teoria de que podemos lidar com as pessoas de formas diferentes, de acordo com o quanto a gente se importa pessoalmente com a situação e com o quanto estamos dispostos a confrontar diretamente as pessoas.
Quando nos importamos pessoalmente, criamos bons relacionamentos no trabalho e nos importamos com o lado humano das pessoas que trabalham com a gente. Confrontar diretamente está relacionado com dar feedbacks difíceis, tomar decisões desafiadoras e manter altos padrões nas entregas do time.
O modelo é dividido em quatro quadrantes. E eles são classificados de acordo com o nível do quanto nos importamos pessoalmente e do quanto estamos desafiando as pessoas diretamente:
Então, antes de conversar com algum liderado, avalie em qual quadrante a sua postura atual se encaixa. Caso não esteja conseguindo demonstrar o quanto se importa pessoalmente ou não esteja conseguindo estruturar uma mensagem que desafie diretamente, sugiro que leia o que cada um dos quadrantes significa e depois mude a sua abordagem.
Empatia ruinosa
Nesse quadrante, nos importamos pessoalmente com os outros mas não desafiamos diretamente. Nessa situação, deixamos de dar feedbacks importantes para os nossos liderados, porque queremos evitar confrontos.
Pessoas lideradas nesse formato não sabem se estão indo bem no seu trabalho. E, nos casos em que precisam melhorar o desempenho, elas não têm a oportunidade de melhorar, porque não são notificadas a respeito. Isso pode levar à estagnação ou até mesmo à demissão, causada pela omissão do líder.
Insinceridade manipuladora
Quadrante em que não nos importamos pessoalmente e nem desafiamos diretamente. Ou seja, quem está nesse quadrante mantém relacionamentos por interesse e faz críticas e elogios de forma manipuladora.
Se importar somente com o que as pessoas pensam de você não é a melhor forma de lidar com as situações. Pelo menos não quando queremos estar em um ambiente de melhoria contínua.
Agressão detestável
Na agressão detestável, confrontamos uma pessoa diretamente sem demonstrar que nos importamos com ela. Neste quadrante, encontram-se as situações de fazer críticas em público, depreciar e ignorar as pessoas.
Este é um cenário em que até elogios podem ser considerados agressivos. Já que é possível elogiar ao mesmo tempo em que se aponta um defeito ou faz comparações com outras pessoas. Definitivamente, você não vai querer responder para uma liderança assim.
Empatia assertiva
Neste quadrante, nos importamos pessoalmente com a pessoa e a confrontamos diretamente. Isso significa que quando algum liderado comete um erro, vamos dar um feedback a respeito pensando na melhoria do desempenho. Vamos falar o que está errado porque queremos que a pessoa passe a acertar.
Como liderança, entendo que temos uma visão muito boa do quanto cada pessoa está trabalhando na direção correta. Por isso, é nossa obrigação não deixar ninguém seguir errando. Principalmente por estarmos com medo de confrontar. Justamente por se importar pessoalmente, vamos nos comunicar de forma clara e direta, deixando muito explícita a nossa boa intenção.
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Aqui eu passei apenas um resumo, mas o livro tem muitos exemplos bons para entender qual situação pode cair dentro de cada quadrante. Como liderança, considerei uma leitura muito importante. Sempre tive dificuldade de iniciar conversar difíceis e a dica de deixar claro o quanto me importo com o time foi um divisor de águas.
Quando estiver se preparando para dar um feedback ou ter uma conversa difícil, pense no modelo da empatia assertiva. Tenho certeza que ficará muito mais fácil ter resultados positivos.
👩🏽💼 Sobre gestão: Melhorar tudo
Uma seção para compartilhar as minhas descobertas a respeito da gestão de pessoas. As referências usadas na seção estão aqui.
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A última visão organizacional é a melhorar tudo. Basicamente, ela fala sobre melhoria contínua e sobre como trabalhar em projetos de desenvolvimento de software também significa lidar com mudanças de forma constante.
A base teórica dessa visão se apoia no fato de que todo software é um sucesso, até que ele falhe. Por isso, é necessário manter um trabalho constante para que ele não fique obsoleto e se mantenha apelativo ao mercado. Isso significa que as pessoas investem seu tempo ou dinheiro no produto em um contexto em que esse investimento se transforma em valor para os stakeholders.
Para manter essa mudança constante em busca de adequação ao mercado, podemos melhorar as sete dimensões de um projeto de software: funcionalidades, qualidade, ferramentas, pessoas, cronograma, processos e valor de negócio.
E essa melhoria contínua pode ser abordada de três formas:
Adaptação: quando estamos respondendo às mudanças no ambiente
Exploração: quando estamos fazendo algo diferente para experimentar um novo resultado
Antecipação: quando estamos imaginando uma posição diferente e concentrando os esforços nessa direção
Essas três abordagens devem ser aplicadas no projeto em ciclos. Considerando-se que precisamos nos esforçar até mesmo para manter o status quo de um produto, esses ciclos não têm fim.
Para resumir o processo de melhorar tudo, o autor da Gestão 3.0 propõe um processo de melhoria em 8 passos:
Determine o problema
Estabeleça objetivos
Defina métricas
Identifique melhorias
Implemente melhorias
Execute processos
Verifique as medidas
Aprenda com o resultado
Depois do passo 8, retorne ao passo 1. Seja para entender se o mesmo problema ainda existe ou para identificar problemas novos que precisam ser resolvidos.
Um ponto bem importante desse processo é que não é possível resolver um problema sem ao menos entendê-lo. Saber a situação atual e quais são as dores do time deixará a solução muito mais aderente do que pular direto para a solução em si.
Mas apenas manter esse processo de forma contínua pode não ser o suficiente. É preciso considerar que não estamos acostumados com mudanças frequentes. Por isso, é preciso tomar medidas para tornar as mudanças atraentes. O ambiente deve ser um que abraça as mudanças ao invés de combatê-las.
Como gestão você pode agir para tornar a estagnação dolorosa. Deixar claro que o custo de seguir do jeito que está é bem maior do que o custo da mudança é uma forma de demonstrar o quanto não mudar pode ser doloroso.
Criar uma cultura que aceita o erro também é uma forma de melhoria contínua. O erro pelo erro não é e nem deve ser bem recebido. Mas errar e aproveitar a oportunidade para aprender é uma ótima forma de melhorar o processo de desenvolvimento.
Existem três estratégias que podem ser utilizadas para disseminar mudanças em uma empresa:
Mutação: pequenas mudanças que podem ser aplicadas no time de forma gradual, visando a inovação
Cruzamento: ao iniciar um novo time, começar com um processo que já funcionou no time anterior e aplicar as mudanças para o contexto atual ou criar times novos a partir de times existentes
Transmissão (ou transferência horizontal): times compartilham boas práticas entre si, melhorando os processos e gerando inovação entre todos os times da empresa
Independente da estratégia utilizada, mudanças devem ser adaptadas ao contexto do time. Fazer mudanças, trocas ou melhorias sem entender se servem para o contexto atual pode gerar o efeito contrário do esperado.
De forma geral, a melhoria contínua pode ser atingida ao se fazer retrospectivas constantes com os times, seguir um ciclo estruturado de melhoria e manter as mudanças visíveis e explícitas para todos.
Espero que tenham sido bons resumos a respeito da Gestão 3.0. Assim que terminar a leitura do livro, pretendo reunir todos os textos em um post único. Talvez ainda nesse mês.
📄 Notas quinzenais
Uma curadoria sobre tudo o que chamou a atenção nos últimos dias. Por William Brendaw.
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Não que seja algo que já não tenha sido pensado ou especulado, mas digamos que o processo dessa derrocada está mais acelerado do que o esperado.
Façam as suas apostas, pois é bem provável que desse ano não passa. Talvez até desse trimestre.
Conteúdo em inglês.
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Alarmismo e inteligência artificial
Para o bem ou para o mal, ainda estamos longe de chegar numa inteligência artificial super poderosa. O grande problema, pelo menos onde eu acredito que de fato precisamos começar a focar, é no poder desse tipo de ferramenta nas mãos de superpoderosos, e quais são, de fato, os interesses deles com essas ferramentas.
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Mais um joguinho online divertido
Agora é um mini RPG numa pegada roguelike onde o calabouço é gerado na mesma lógica da palavra do dia no Termo e Wordle da vida.
Conteúdo em inglês.
📚 Lista de leitura
Registro de todos os livros que li desde o último envio da newsletter. A lista completa de livros que prometi ler esse ano pode ser vista no post Lista de leitura 2023.
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Mostre seu trabalho - Austin Kleon
Estou estruturando um novo projeto e me perguntando bastante se devo seguir adiante com ele. Por isso, lembrei desse livro do Austin Kleon e decidi ler para avaliar melhor os meus próximos passos. Assim como em "Roube como um artista", o livro traz 10 dicas para encorajar as pessoas a colocarem os seus projetos no mundo. Com essa leitura, me senti um pouco mais segura em relação às minhas ideias. E acredito que teria sido interessante ler ele antes de lançar o blog e a newsletter.
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Sem neura: O segredo para lidar com as emoções no trabalho - Liz Fosslien e Mollie West Duffy
Depois de ter uma frustração no trabalho, decidi ler novamente esse livro que tem muita informação boa sobre emoções no ambiente profissional. Acho que já é a terceira vez que leio e posso dizer que sempre encontro um bom conselho para o momento profissional que estou vivendo no momento da leitura. Apesar de ter lido inteiro, ele também é uma boa referência para consultar apenas um capítulo quando necessário.
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O livro dos anseios, Sue Monk Kidd
Um livro ficcional sobre a esposa de Jesus Cristo me parecia uma leitura arriscada. Mas me surpreendi e gostei muito da história, que retrata uma época bem difícil para as mulheres. É um daqueles que a gente lê acompanhada de um dicionário se quiser entender tudo o que é falado, mas que vale muito a pena.
💻 Últimos posts do blog
Seção onde envio as atualizações do blog, sempre no estilo slow blogging.
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Só quando eu fui montar essa edição da newsletter que percebi que fiz dois posts sobre organização seguidos. Sei que andei prometendo posts de carreira, mas infelizmente (ou felizmente) eu sempre deixo posts agendados para publicação com bastante antecedência. Então pode ser que a promessa se cumpra somente daqui uns dois meses (ou não).
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Organização
Dica para rotina organizada no trabalho
No trabalho, praticamente toda a minha organização é baseada na agenda do Outlook. Neste post, eu compartilho dois eventos da minha agenda que me ajudam a manter essa organização no início e no final da semana.
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Eu fiz uma apresentação para a minha Squad a respeito de organização e gestão de tempo. Aproveitando o tópico, escrevi um post em que dou as mesmas dicas em forma de texto. São 5 dicas, em que algumas estão bem conectadas com outros tópicos que já explorei no blog.
O primeiro trimestre passou voando. Apesar disso, cada um dos meus bordados parece ter levado um trimestre para ficar pronto. Finalmente, estou engajada no meu hobby e tenho algo pronto para mostrar.
A próxima edição é a de número 50. Por mais que tenha tido uma pausa no meio dessas edições, eu já estou há bastante tempo mantendo essa rotina de publicar aqui a cada 15 dias. Mas esse é um assunto para essa edição especial.
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Por hoje é isso, boa quinzena!