Olá,
Nesta edição, eu continuo no tema gestão e liderança na Apple. Mas com foco no framework para lideranças chamado liderança discricionária. Achei ele muito útil para conseguir priorizar o trabalho e conseguir entregar resultados com foco.
Além disso, também trago uma prática muito útil para unir o time na seção "Falando sobre agilidade". Às vezes, a gente esquece que Retrospectiva também é um momento para comemorar e acabamos focando somente no que precisamos melhorar. Essa dinâmica ajuda a reconhecer as conquistas.
Espero que seja uma boa edição. Boa leitura!
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🎯 Tema da edição: Modelo de liderança discricionária
💬 Falando sobre agilidade: Mural de reconhecimento
🎯 Tema da edição: Modelo de liderança discricionária
Seção para falar sobre o tópico principal da edição.
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Na edição anterior, comecei a comentar um artigo da Harvard Business Review sobre o modelo de liderança e gestão da Apple. Após descrever o que é exigido de todos os níveis de gestão (especialização, imersão nos detalhes e disposição para o debate colaborativo), os autores do artigo explicam que essas definições inspiraram um modelo chamado liderança discricionária. E é sobre esse modelo que vou falar na edição de hoje.
O modelo de liderança discricionária foi criado para que as lideranças impulsionem inovação em todas as áreas, não apenas no desenvolvimento de produtos. Conforme a Apple foi crescendo, a liderança precisou ser mais criteriosa em relação a quanto do seu tempo e esforço seria dedicado para cada atividade. Portanto, os gestores foram instruídos a classificar as suas atividades em quatro categorias, que definem o quanto de energia deve ser dedicada para cada uma delas.
A liderança discricionária considera que todos são responsáveis por alguns temas, mas que essa responsabilidade vai evoluindo com o tempo. Por isso, é necessário que esses temas sejam repriorizados e passados para outras pessoas, mas de forma organizada.
O modelo é descrito em 4 quadrantes:
Responsável: atividades que demandam um alto nível de envolvimento nos detalhes e o líder tem muito conhecimento, são atividades que fazem parte da experiência principal dentro da empresa
Aprender: atividades que demandam um alto nível de envolvimento nos detalhes e o líder tem pouco conhecimento, sendo necessário que se aprenda a respeito delas
Ensinar: atividades que não demandam tanto envolvimento nos detalhes e o líder tem muito conhecimento. Podem ser ensinadas para outras pessoas com maior envolvimento nos detalhes
Delegar: atividades que não demandam tanto envolvimento nos detalhes e o líder tem pouco conhecimento. É melhor que o líder delegue para quem tem mais experiência e envolvimento na atividade
As atividades podem ir mudando de quadrante com o passar do tempo. Seja porque algo já foi aprendido ou porque novas responsabilidades surgiram. Tudo o que está categorizado em “Aprender” deve ter a prioridade clara, porque não é possível que se aprenda tudo de uma vez. Assim, se tem a garantia de que, aos poucos, as atividades poderão ser transferidas para o quadrante “Responsável”. E as atividades a delegar devem ser passadas para outros times com os objetivos alinhados e a devida responsabilização pelas entregas.
Esse modelo foi desenhado para alinhar especialização com a tomada de decisão. Pois o conhecimento é compartilhado e quem é dono das atividades vai estar focado em trabalhar no que é mais importante. Ou seja, vai focar em tomar decisões nas áreas em que é especialista.
Acredito que, independentemente do nível de liderança, esse é um ótimo exercício. Como já passei por mais de um time onde trabalho atualmente, consigo enxergar de forma bem direta quais atividades eu encaixo em cada quadrante. E é interessante ver que, mesmo nos temas que não tenho mais responsabilidade sobre, ainda sou procurada para falar a respeito e passar o conhecimento que tenho. E isso faz parte da manutenção de longo prazo dos projetos.
Esse modelo me lembra muito a matriz de Eisenhower, porque também é uma forma de distribuir as atividades e ter visibilidade do que deve ser priorizado. Tentar fazer tudo ao mesmo tempo nunca dá certo e conforme o nosso leque de responsabilidades aumenta, precisamos saber como direcionar os nossos esforços da melhor forma possível.
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Espero que esses últimos textos com análises a respeito da Apple tenham sido interessantes. Existem outras empresas que também considero exemplares no seu desempenho e que acredito ser interessante falar sobre no futuro. Fico no aguardo de feedbacks e sugestões para continuar estudando exemplos de gestão e liderança.
💬 Falando sobre agilidade: Mural de reconhecimento
Uma seção para falar de agilidade, misturando teoria, prática e muitos questionamentos.
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Dentre vários formatos de Retrospectiva que já usei, acredito que o mural de reconhecimento foi o mais proveitoso de todos. Escolhi ele num momento em que o time seria separado em dois e, por isso, parecia não fazer sentido escolher um formato que definiria próximos passos.
Para fazer o mural de reconhecimento, organizei o quadro da Retrospectiva com post-its com o nome de cada integrante do time, cercado de mais post-its para que os outros integrantes pudessem deixar os seus feedbacks. Em um time de 5 pessoas, por exemplo, o quadro teria 5 post-its com nomes, com 4 post-its em branco na volta de cada um:
E a dinâmica é basicamente dar um tempo para que todos escrevam reconhecimentos para os colegas. Idealmente, todos os post-its em branco devem ser preenchidos.
No dia em que rodei essa dinâmica, surgiram diversos tipos de reconhecimento: sobre a pessoa, sobre o trabalho, sobre alguma ajuda que foi dada ou até mesmo sobre a disponibilidade para conversar. É interessante não limitar o que cada um pode preencher nos post-its, porque assim até quem não é tão próximo vai ter algo para incluir.
Depois de dar um tempo para o preenchimento, conduzi uma rodada de leitura dos reconhecimentos. A cada nome, lia os reconhecimentos, parabenizava pelo que foi dito e deixava um espaço em aberto para quem quisesse falar. No preenchimento, deixei o quadro no modo anônimo. Assim, só quem se sentia realmente confortável para expor o seu reconhecimento falava. Mas me surpreendi muito com tudo o que foi dito. Muitas pessoas se sentiram à vontade para expor o quanto são gratas aos colegas e pude ver o quanto todos se ajudam no dia a dia.
Essa é uma dinâmica que eu acho que vale muito a pena fazer de tempos em tempos. Até hoje recebo feedbacks sobre como esse é um momento que eleva a motivação e a autoestima. E muitos integrantes do time citam nos 1:1's o quanto passaram a ver coisas pequenas do dia a dia como muito importantes para o trabalho. Noto que, geralmente, quem faz algo bom não vê o ato com a mesma dimensão que a pessoa que foi ajudada.
Particularmente, sei que, às vezes, eu me esqueço de deixar o clima um pouco mais leve e usar o espaço das Retrospectivas para aumentar a união do time. Caso esse também seja o seu caso e você está procurando uma forma de aproximar as pessoas, essa dinâmica simples pode ser uma solução.
📄 Notas quinzenais
Uma curadoria sobre tudo o que chamou a atenção nos últimos dias. Por William Brendaw.
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Por que o Outback faz sucesso no Brasil do ‘melhor churrasco do mundo’
O fascínio de um jornalista americano ao ver o fanatismo brasileiro pela rede de restaurantes ao estilo australiano Outback.
Jovens não fazem ideia de como era a vida social antes dos celulares
Como um millennial, membro da última geração que vivenciou uma parte da vida sem essa hiperconectividade de hoje, vejo como é surpreendente o choque dos jovens de hoje com uma vida mais simples, sem as pressões de ter que responder a todos os estímulos possíveis e inimagináveis de agora.
Conteúdo em inglês.
Como tornar as reuniões mais curtas (de verdade)
Dicas simples e diretas para fazer com que as reuniões (sejam presenciais ou remotas) sejam rápidas e direto ao ponto. Sem papinho mole, apenas o necessário, valorizando o tempo de todos os envolvidos.
Conteúdo em inglês.
📚 Lista de leitura
Registro de todos os livros que li desde o último envio da newsletter. A lista completa de livros que prometi ler esse ano pode ser vista no post Lista de leitura 2023.
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O inverno da bruxa - Katherine Arden
Terminei a trilogia com um sentimento de quero mais. A história é muito bem amarrada desde o primeiro livro e o folclore é muito interessante. Foi uma leitura viciante e indico para quem gosta de histórias que envolvem muito o mundo da fantasia.
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A feiticeira de São Judas Tadeu dos Milagres - Isa Prospero
História bem curtinha e bem gostosa de ler. Peguei por acaso para ler em uma noite que estava com preguiça de iniciar uma história maior e valeu a pena.
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O auto da maga Josefa - Paola Siviero
Muito influenciada pelo fim da trilogia Winternight, fui procurar um livro com fantasia para ler. E encontrei essa história de fantasia nacional, que envolve diversos folclores. O livro é ambientado no nordeste e é muito gostoso de ler. Recomendo muito.
💻 Últimos posts do blog
Seção onde envio as atualizações do blog, sempre no estilo slow blogging.
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Livros
Checkpoint da lista de leitura 2022
Post com todos os livros que já li no primeiro semestre. São os mesmos que mando aqui na newsletter, mas organizados por ficção e não ficção e com as notas que dei para cada um deles. É uma boa referência para quem está procurando indicações de leituras.
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Newsletter
Republicação do texto sobre liderança inclusiva que foi originalmente publicado aqui na newsletter. Ele fala sobre os traços característicos e a importância de uma liderança inclusiva no ambiente profissional. Esse assunto é importante demais para ficar em destaque somente em junho.
Li uma edição do Tira do Papel que falava sobre um site para fazer a sua própria fonte. Eu dei uma testada e achei bem interessante. Inclusive, a imagem com o gráfico que ilustra o tópico da edição de hoje foi feita usando essa fonte. Não vejo nenhum uso além da newsletter, mas é o tipo de coisa interessante de se fazer quando descobrimos que existe.
Espero que esse fechamento sobre a liderança e gestão da Apple tenha ficado interessante. Caso tenha sugestões de outras empresas para análise, fique à vontade para enviar uma mensagem.
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Por hoje é isso, boa quinzena!