Olá,
A edição de hoje é sobre o ambiente de trabalho que almejo, bem como a experiência de trabalho que desejo para as pessoas que estão comigo.
Quem não sonha com um ambiente flexível, com pessoas motivadas que fazem entregas de valor? Eu penso muito nisso e sei que é uma construção. Então tentei organizar esses pensamentos e passar o que funciona para mim e para os times com os quais já trabalhei.
Resumindo o que quero para mim e para os outros, acredito que coerência é a palavra que melhor descreve. Por isso ela nomeia a edição de hoje, além de servir para me relembrar o que preciso manter na minha carreira.
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🔃 Falando sobre agilidade: Motivação
👥 Sobre gestão: Espaço para erros e aprendizado
📘 Livro do mês: Autocompaixão
💻 Últimos posts do blog
Falando sobre agilidade: Motivação
Uma seção para falar de agilidade, misturando teoria, prática e muitos questionamentos.
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Hoje quero retomar a seção falando sobre mais um princípio ágil:
Construa projetos em torno de indivíduos motivados. Dê a eles o ambiente e o suporte necessário e confie neles para fazer o trabalho.
Trabalhar com a agilidade pressupõe que o time trabalhará em um ritmo constante indefinidamente. Sem os integrantes do time motivados, esse ritmo não se sustenta. Assim como também não se entrega nada sem um time empoderado.
Mas como atingir esse nível de motivação e empoderamento?
Aqui vou compartilhar uma visão muito pessoal, que andei pensando muito a respeito nas últimas semanas e acho que toda essa mistura se encaixa dentro desse princípio.
Propósito
Quando estou trabalhando em qualquer projeto, gosto de pensar no porquê. Saber o propósito do que estou fazendo e entender a sua importância me motiva a trabalhar. Pensar no todo e conseguir visualizar o resultado final me motiva a pensar em soluções que vão nos ajudar a atingir esse objetivo da melhor forma possível. De certa forma, tentar atingir o objetivo assim me desafia e é isso que mantém a minha motivação no final das contas.
Trabalhando em um time onde todos os papeis se envolvem na construção do propósito, me preocupo em deixar ele claro a todo momento. As discussões, o planejamento e as mudanças passam a ser direcionados e o envolvimento e interesse das pessoas aumenta a cada interação.
Talvez você não seja alguém que pense muito nisso, mas aposto que perde o interesse quando precisa desempenhar um trabalho que não sabe bem para o que serve. Por isso, manter o mínimo de visibilidade nesse ponto é algo que considero fundamental para manter o time motivado.
Contexto
Muito conectado com o propósito, o contexto é algo que passei a valorizar ainda mais depois de conhecer a cultura da Netflix. Confiar que as pessoas sabem fazer o seu trabalho é bem difícil quando não temos certeza se passamos todas as informações necessárias.
Por isso, devemos manter o time bem alinhado em relação ao que estamos fazendo. Deixar claras as expectativas sobre a atuação de cada um e esclarecer os resultados esperados é o necessário para que todos entendam a melhor forma de resolver os problemas.
A liberdade para chegar na solução é muito motivadora, além de ser tranquilizador saber o que se espera.
Rotina
Já falei várias vezes sobre o quanto a rotina ajuda na manutenção de um trabalho de qualidade. Pensando no Scrum, ter cerimônias em dias fixados, com objetivos claros e bem aproveitadas permite que o time se organize e consiga trabalhar cada um na sua melhor configuração.
Costumo reforçar que o que sempre seguirei cobrando é a presença nas cerimônias. Porque se estivermos todos reunidos nos momentos de alinhamento, é muito mais fácil que cada um construa a sua rotina no dia a dia de trabalho sem prejudicar a vida pessoal.
Valor
Sabendo o propósito e o contexto e tendo uma rotina podemos construir um time que gera entregas constantes. Mas, mais importante do que isso, é saber que o que entregamos está gerando valor.
Quando penso nos momentos em que a minha motivação foi extremamente reduzida, sempre lembro de situações onde o esforço feito para entregar algo foi desvalorizado porque a entrega não fez diferença.
Não existe nada melhor do que ver o produto sendo utilizado, os indicadores melhorando depois de uma entrega feita para aumentar o engajamento ou um time melhorando o dia a dia porque enxugamos algum processo.
Particularmente, gosto muito de saber que a cada Sprint estamos fazendo a diferença e a existência do time segue sendo justificada pelo nosso próprio trabalho.
Melhoria contínua
Além de entregas de valor para o cliente, também devemos nos manter atentos às entregas de valor que podemos fazer para o próprio time. Automatizar processos, evoluir as cerimônias e artefatos e refinar os acordos deve se manter como parte constante do trabalho.
Afinal, quem gostaria de trabalhar em uma equipe que não evolui ou que não resolve os problemas internos encontrados? A manutenção do trabalho em ritmo constante só é possível quando a melhoria contínua faz parte do dia a dia. Seja em Retrospectivas, feedbacks constantes ou dando espaço para que todos façam parte da construção do formato de trabalho.
Muitas vezes, o time espera que o Scrum Master conduza os momentos para pensar em melhorias, mas deveria ser algo que todos podem puxar a qualquer momento da Sprint.
Descanso
Outro tópico que já trouxe em outras edições, mas que geralmente não falo o suficiente. Toda motivação exige dedicação para gerar resultado e essa dedicação exige energia. Por isso, se queremos manter o time motivado, precisamos permitir que as pessoas descansem e fiquem prontas para encarar o dia seguinte.
Descanso aqui pode ser passar o dia vendo série, fazer um exercício depois do trabalho ou passar a tarde dormindo. Ou seja, qualquer coisa que recarregue a sua bateria. Deixar a energia se esgotar para depois tentar recuperar tudo de uma vez não funciona. Por isso, distribua os momentos de descanso durante o dia e esqueça do trabalho assim que encerrar o expediente.
Ferramentas
Além de todos esses itens mais abstratos, também é necessário garantir que as pessoas possuem as ferramentas necessárias para desempenhar o trabalho. Seja um computador com a configuração suficiente para fazer o que é esperado do papel ou softwares que vão apoiar no desenvolvimento, gestão do processo e gestão das pessoas.
Um ambiente saudável e com liberdade não adianta muito quando falta o ferramental para se aproveitar de todos esses benefícios e transformar em valor.
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Vou encerrar essa seção por aqui, principalmente porque sei que estou repetindo alguns tópicos que já enviei em outras edições. Mas é um assunto que eu consigo ficar discutindo por horas, então fique à vontade para responder o email ou fazer um comentário para seguir com a conversa.
Sobre gestão: Espaço para erros e aprendizado
Uma seção para compartilhar as minhas descobertas a respeito da gestão de pessoas. As referências usadas na seção estão aqui.
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Sempre que planejamos um trabalho, pensamos no resultado que será atingido. Ou, pelo menos, deveríamos pensar nele. E quando deixamos um espaço nesse planejamento para imprevistos, nem sempre conversamos sobre como devemos agir em relação aos erros.
Erros acontecem, é verdade. Mas, quando alguém do time pelo qual você é responsável pela gestão erra, qual é a sua reação? Eu já passei por situações em que precisava ficar me justificando ao invés de explicar o problema e como poderíamos resolver. E já vivi situações em que o erro foi visto como algo que poderíamos nos aproveitar para aprender e melhorar os processos no futuro.
A diferença entre os dois tipos de recepção é gritante. Obviamente, não existem somente esses dois extremos. Porém, ter vivido os dois lados da moeda como liderada me mostrou como seria a reação que eu gostaria de receber sempre. Não é uma questão de minimizar os erros ou ser tratada de forma diferente, mas sim de entender que fazer parte de um time também é apoiar os seus integrantes em qualquer situação.
Eu já falei aqui na Trilha de Valor sobre liberdade com responsabilidade e como entendo que esse é um aspecto muito interessante da cultura da Netflix. E acho que é um bom exemplo de como encontrar o equilíbrio no momento de atuar em relação aos erros. É interessante entender se é uma situação que nunca foi enfrentada, se ajuda foi pedida ou se recomendações foram seguidas. Mesmo assim, nada justifica encarar o erro como algo absurdo, porque geralmente os erros acontecem após alguma sucessão de eventos. E são esses eventos que podemos investigar para entender quais são as ações que serão tomadas após resolver o problema.
Outro ponto importante: quando você erra, você encara a situação de forma diferente? Tentar se colocar no lugar do outro pode ajudar a enfrentar o erro da melhor forma possível. Que, na minha opinião, é o que nos deixa alerta para que não se repita com mais ninguém.
Livro do mês: Autocompaixão
Todo mês, uma indicação de livro para o desenvolvimento pessoal e profissional.
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Ficha técnica
Título: Autocompaixão. Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás
Autores: Kristin Neff
Editora: Lúcida Letra
Porque é uma boa leitura
Quando falo sobre ambientes de trabalho, aceitação de erros e convivência com o time sempre lembro desse livro que estou lendo. Estou recomendando ele antes mesmo de terminar, porque acredito que ainda vou demorar um pouco para concluir. Principalmente porque a cada capítulo gosto de refletir, pensar nos exercícios propostos e ver o que posso mudar.
O livro está sendo bem importante para mim para aceitar melhor os meus próprios erros. Quando alguém erra, costumo acolher e apoiar. Mas, quando o erro é meu, costumo me cobrar e me julgar de uma forma que nunca faria com outra pessoa. Então ele tem sido um divisor de águas para o meu autoconhecimento e autocompaixão, algo que nem sempre priorizei na minha carreira.
Últimos posts do blog
Seção onde envio as atualizações do blog, sempre no estilo slow blogging.
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Na última semana, publiquei dois posts curtinhos, mas que acredito serem bem úteis.
Facilitação
Quando vamos facilitar uma reunião com a pauta aberta, o Lean Coffee é um ótimo formato. Muito simples de configurar e conduzir, permite que as pessoas sugiram e votem nos assuntos priorizando o que é mais importante debater para os presentes na reunião. Neste post, falo sobre como o formato funciona e o que costumo fazer de diferente da definição.
Dicas
Como ligar o notebook com a tampa fechada
Uso o meu notebook fechado e conectado em uma tela e kit de mouse e teclado. Apesar de economizar espaço na mesa, não é a melhor configuração para ligar o computador. Para passar menos trabalho, procurei uma forma de ligar o notebook sem abrir a tampa e o Wake on AC foi o que resolveu o meu problema.
Em abril vai acontecer a Semana Mulheres de Produto. Já me inscrevi para um workshop e estou bem ansiosa para participar. Fica a dica para quem está fazendo a transição para a área de produto ou já trabalha e quer expandir os conhecimentos.
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Essa edição foi escrita sob efeitos da terceira dose da vacina e após uma maratona de Hometown Cha Cha Cha. Espero que nenhum desses fatores tenha impactado na qualidade do que envio.
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Por hoje é isso, boa quinzena!
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Imagem do preview de Kumiko SHIMIZU, via Unsplash