Olá,
Hoje quero falar sobre um assunto que me interessa cada vez mais. É um tópico que já vinha dando atenção mesmo antes do início da quarentena e que decidi colocar em evidência neste momento.
Sempre fui a pessoa que quer ser extremamente disponível, que tem hora para chegar e não tem hora para sair ou a que trabalha no final de semana sem reclamar, quando é necessário. O problema é que a conta chegou. Os impactos na minha saúde e na minha vida pessoal mostraram que eu precisava mudar e eu decidi seguir o conselho.
Só que eu sou uma pessoa apaixonada pelo trabalho, é a minha profissão que me permite ter a vida que tenho hoje e são as conexões e as entregas que faço no trabalho que me dão um propósito e me mostram o quanto eu sou útil. Então, precisei equilibrar o tempo e a forma que me dedicava ao trabalho, com o tempo e a forma que descansava e aproveitava tudo o que existe além disso. Também tive que abrir os olhos para o meu propósito fora do trabalho, mas essa conversa fica para um outro dia.
Trabalhando como facilitadora, tenho nas minhas mãos a possibilidade de melhorar o dia a dia das pessoas. Consigo fazer isso através da organização do processo de trabalho, do acompanhamento da gestão visual das tarefas, do apoio às pessoas que trabalham comigo e de qualquer outra frente necessária. Então foi relativamente fácil aplicar algumas mudanças.
Na edição de hoje, trago algumas indicações interessantes sobre como o ambiente de trabalho impacta a nossa vida e o que podemos fazer para deixá-lo mais leve. Também incluí uma ferramenta de acompanhamento de moral do time na seção "Falando sobre agilidade", que acredito ser o primeiro passo para ajustarmos o dia a dia de todo o time.
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🔄 Falando sobre agilidade: Moral do time
🧭 Hack de carreira: Passagem pela universidade
📝 Recomendações da edição
📚 Lista de leitura 2021
💻 Últimos posts do blog
⌨️ Posts futuros do blog
Falando sobre agilidade: Moral do time
Uma seção para falar de agilidade, mas trazendo a minha visão com anos de atuação como Scrum Master. Como fazer a teoria ser aplicada na prática? Como adaptar as diversas técnicas para os diferentes contextos onde a agilidade pode ajudar? Como usar a agilidade para fazer a diferença? São essas e outras perguntas que tentarei responder, além de também trazer questionamentos para quem me acompanha.
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Desde que virei Scrum Master sempre me preocupei com o bem-estar das pessoas, principalmente quando inicio em times que já trabalhavam juntos e vão mudar para o ágil. Por menores que sejam as mudanças iniciais, sempre tem uma certa apreensão e acredito que é importante acompanhar o quanto isso afeta o time. E, mesmo em grupos que já trabalham com certa maturidade, é importante seguir atento às disfunções.
Há algum tempo atrás, encontrei um artigo que falava sobre uma proposta de mensuração da moral do time e decidi usá-lo como parte do meu trabalho como facilitadora. Vou tentar resumir aqui esse acompanhamento, mas também recomendo a leitura do material completo.
O que é a moral do time
Existem vários modelos para medir a felicidade do time, mas muitos questionários possuem perguntas muito abrangentes, que nem sempre geram resultados mensuráveis. Para ter métricas estatisticamente melhores e mais orientadas ao time, a proposta é medir a moral do time.
A moral da equipe é o entusiasmo e a persistência com que um membro de uma equipe se envolve nas atividades prescritas desse grupo.
Medir a moral é uma proposta orientada ao time e às tarefas, inclui a felicidade de forma sutil, é menos suscetível às variações de humor do momento e é um conceito menos tendencioso.
Por que medir a moral do time
Dentre as vantagens da moral alta podemos listar maior colaboração, orgulho em fazer parte do time e um esforço extra dos membros do time para atingir o objetivo da Sprint. Também é importante destacar que times com a moral baixa possuem baixo engajamento, as pessoas geralmente focam nas tarefas individuais e existe uma desistência mais rápida perante os problemas.
Posso falar com conhecimento de causa que acompanhar a moral e trabalhar para elevá-la gera resultados que vão além de qualquer nova ferramenta ou novo processo de trabalho que possamos implementar. Durante o processo, você deixa de ter um time que trabalha para você e começa a ter um time que trabalha com você. Acredite em mim quando digo que esses dois formatos têm uma enorme diferença.
Como medir
Para medir a moral do time, é feito um questionário com as seguintes perguntas:
Estou entusiasmado com o trabalho que faço pelo time
Eu acho que o meu trabalho no time tem significado e propósito
Tenho orgulho do trabalho que desempenho para o time
Para mim, o meu trabalho no time é desafiador
Me sinto cheio de energia trabalhando com o meu time
Me sinto como parte do time
Me recupero rapidamente depois de cada imprevisto que acontece no time
Sinto que quero seguir trabalhando no meu time por muito tempo
Cada uma das afirmações deve ser avaliada numa escala de 1 a 7, sendo que valores mais altos indicam que a afirmação está mais de acordo com a realidade. O autor do artigo possui uma ferramenta online para acompanhar a moral do time, mas geralmente uso as ferramentas corporativas disponíveis para colher esses dados. Atualmente, faço um formulário no Microsoft Form com uma escala likert.
Solicito as respostas a partir da metade da Sprint, enviando o formulário por email para o time. Não costumo ter isso como uma atividade obrigatória, então fica em aberto para quem deseja preencher. Mas, geralmente, recebo respostas de todos os integrantes.
Analisando os resultados
A moral pode ser avaliada de forma consolidada (moral do time) ou de forma individual. Apesar da recomendação de mensurar a moral pela média das respostas, gosto de acompanhar os valores de cada resposta.
Para cada integrante, gero um gráfico onde acompanho a evolução dos resultados por Sprint. Na análise, avalio os gráficos para identificar se algum distúrbio impactou os resultados e se existem desvios no histórico que possam indicar a necessidade de intervenção.
Com o resultado individual, a intervenção necessária geralmente é uma conversa rápida com o integrante do time a respeito do ponto com maior desvio, para entender o que gerou essa mudança. Se você já faz conversas de acompanhamento individual, acredito que esse é o melhor momento para entender como ajudar a elevar a moral individual. Senão, considere fornecer esses momentos de troca durante a Sprint.
Para acompanhar a moral do time, os resultados consolidados servem como insumo para discussões na retrospectiva, onde o time como um todo pode sugerir melhorias. Além disso, é possível apontar pontos negativos que nem sempre são verbalizados.
Pensando no uso dos resultados como uma métrica de gestão dos times, é possível abordar os seguintes pontos:
Investigar se o time rodando Scrum tem a moral mais alta;
Detectar as fontes da baixa e da alta moral do time;
Investigar as consequências da baixa e da alta moral do time, a nível de performance e percepção do time pelos outros times.
Pense no acompanhamento da moral como um indicador de que estamos indo na direção correta, com o time altamente engajado e satisfeito com o andamento do trabalho. Além de ser importante para os integrantes do time, você como Scrum Master (ou qualquer papel de gestão) pode se beneficiar, aumentando a sua própria moral ao conseguir fazer melhorias para ter resultados sempre positivos.
Hack de carreira: Passagem pela universidade
Nesta seção, vou falar sobre como mudei alguns comportamentos que cultivei desde o meu primeiro emprego e que até pouco tempo atrás me prejudicavam e eu não tinha consciência. No decorrer das edições, vou explicar um pouco melhor como tudo aconteceu e espero que sirva de exemplo e motivação. O primeiro capítulo dessa história foi contado na primeira edição.
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Ok, na edição anterior falei sobre como eu era sem noção e não sabia o que me esperava, nada de novo para quem tinha 17 anos. Agora, quero contar sobre como foi a minha passagem pela universidade.
Meu primeiro ano foi horrível. Sim, essa é a melhor palavra para descrever. De 8 disciplinas, eu fui reprovada em 6. Passava o dia dedicada aos estudos: se ia para a aula de manhã, passava a tarde na biblioteca. Chegava em casa e, depois de comer e tomar um banho, dava mais uma estudada antes de dormir. Você já deve estar imaginando o quão frustrante foi manter essa rotina por uma boa parte do ano e mesmo assim ter sido um fracasso. Digo que foi por uma boa parte do ano porque de início passei um bom tempo jogando truco no centro de convivência, então preciso te deixar bem ciente da minha parcela de culpa. A vontade era de desistir e os conselhos que eu ouvia eram me motivando para isso. Mas ainda bem que meus pais sempre me apoiaram e me convenceram que eu estava apenas me adaptando e que no outro ano seria melhor.
Falando assim é até engraçado, porque eu falo que queria desistir como se eu tivesse alguma outra opção na minha vida que não fosse estudar. Se eu desistisse da faculdade teria que começar a trabalhar, o que é totalmente justo quando desistimos de estudar sendo sustentada pelos pais. Mas acontece que eu não desisti e decidi que no ano seguinte seria diferente. Diferente no sentido de me organizar para passar pela graduação de forma mais organizada e sustentável. Manter uma rotina de estudos sem descansar no final de semana é exaustivo, ainda mais quando no final não se tem o resultado esperado.
A verdade é que eu vivia cansada, tentando vencer uma competição imaginária que acontece quando estamos em uma sala de aula com pouquíssimas mulheres e uma torcida para que a gente falhe. Então no meu segundo ano de faculdade decidi descansar um pouco nos finais de semana e entrar em um grupo de pesquisa, já pensando no meu assunto para o TCC. Pode parecer uma decisão um pouco ansiosa, mas estar focada para o TCC desde os primeiros anos e ter uma bolsa de estudos fez toda a diferença. Me graduei com um TCC nota 10 e ainda tive experiências muito legais, como apresentações de trabalhos em eventos, que me fizeram iniciar um processo para ser um pouco mais desinibida.
Acho que foi um bom resumo da minha vida na faculdade, nada que uma mulher estudando em qualquer engenharia não saiba. Mas é uma boa informação para quem está se preparando para algum curso de exatas.
Recomendações da edição
Seção com as recomendações relacionadas com o assunto da newsletter ou com novidades interessantes e que acho que vale a pena conhecer.
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Seguindo no clima do bem-estar, trago algumas recomendações com dicas interessantes para lidar com o momento que estamos vivendo, pontos de vistas diferentes e um exemplo que definitivamente não deve ser seguido.
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5 lições duradouras que a CMO do Google aprendeu com a pandemia - Lorraine Twohill
Um artigo com diversos aprendizados do Google, que mostra que mesmo as gigantes de tecnologia não estavam tão bem-preparadas para o desafio que estamos enfrentando. Além de citar como as ferramentas do Google apoiaram em diversas iniciativas pelo mundo, o texto fala muito sobre pessoas e empatia, que eu acho que merece muita atenção.
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10 tips to use technology to manage your well-being - Microsoft
Artigo com 10 dicas para usar a tecnologia a favor do seu bem-estar. As dicas incluem organização no trabalho, contato com as pessoas e momentos de pausa. Destaco a ferramenta Microsoft MyAnalytics, que gera um relatório e fornece insights para melhorar seus padrões de trabalho. Isso tudo é feito com inteligência artificial, que aponta se você faz pausas e tem momentos de foco suficientes, por exemplo. Artigo em inglês.
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Headspace - Meditação guiada - Netflix
O Headspace é um aplicativo de meditação guiada, que está com essa série documental na Netflix. É uma série animada que fala sobre os benefícios da meditação, com a narração original do Andy Puddicombe, o que para mim significa que dormi na metade de todos os episódios. Já vou deixar o link da série Headspace - Guia para dormir melhor que eu ainda não vi, mas pelo sucesso da série anterior, espero não conseguir ver nem 10 minutos. 😅
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Fazer horas extras pode salvar o projeto? - Manoel Afonso
Como iniciei a minha carreira como desenvolvedora, tenho uma boa noção do que uma gestão mal organizada pode causar. Mas, caso você não tenha tido experiência como desenvolvedor ou queira saber um outro ponto de vista, recomendo que você assista esse vídeo do Manoel. Trabalhei com ele em um projeto bem desafiador e que exigia muito da nossa disponibilidade, então sei que ele fala com conhecimento de causa. Estou indicando o vídeo por ser bem direto e provocador quanto aos malefícios das horas extras em geral e não porque ele citou o meu nome em um vídeo cheio de mulheres maravilhosas. 🥰
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Basecamp tire fire grows as employees tweet they're leaving the company - Mashable
Depois de uma decisão controversa no Basecamp, grande parte dos funcionários está pedindo demissão. Essa história é um bom exemplo de como as empresas precisam focar na gestão de pessoas, além de entender que não é apenas o salário ou o cargo ocupado na empresa que importa atualmente. Também não adianta ter ações para diversidade e inclusão se não vemos elas no dia a dia. Artigo em inglês.
Lista de leitura 2021
Prometi ler 12 livros em 2021. Já passei desse número, mas sigo compartilhando os últimos livros que li. A lista da promessa original pode ser vista no post Lista de leitura 2021.
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A garota que não se calou – Abi Daré
Livro de abril da TAG Inéditos que conta a história de uma adolescente que, mesmo em meio a várias adversidades, nunca deixou de acreditar no poder da educação. A tristeza que tomou conta de mim durante a leitura foi transformada em esperança, talvez até em maior proporção. É uma história pesada, mas que ao mesmo tempo te faz entender que nem tudo pode ser só tristeza.
Últimos posts do blog
Seção onde envio as atualizações do blog. Não será uma seção com envio tão frequente porque estou aderindo ao slow blogging, mas sempre que houver alguma novidade, você fica sabendo por aqui.
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Além de fazer um post de destaque para o "Manifesto pelo bem-estar", que está dentro do primeiro artigo das recomendações, postei mais dois artigos da série sobre Azure Boards.
Insights
Caso não tenha interesse em ler todo o artigo com os aprendizados do Google, recomendo que leia pelo menos o exemplo de manifesto pelo bem-estar. Eu precisava ler isso e acredito que você também precisa, então fiz um post no blog somente com o manifesto.
Ferramentas
Azure Boards - Queries - Parte I
Continuando a série sobre Azure Boards, pretendia ter apenas um post sobre queries, mas acabei me empolgando na hora de escrever. Nesse primeiro post, apresento as telas básicas e um exemplo de estrutura de work items, que será usada nos posts seguintes.
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Azure Boards - Queries - Parte II
No segundo post sobre queries, mostro como fazer a criação de work items na mão e usá-los para gerar um arquivo de importação. Importar os work items é muito útil quando estamos migrando de ferramenta ou quando precisamos criar uma quantidade considerável de work items de uma só vez.
Posts futuros do blog
Sempre estou planejando novos conteúdos e gosto de compartilhar este processo com os inscritos na newsletter. Esta seção inclui as ideias que estão na fila e o que ando estudando e pode virar post.
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O post sobre os meus hábitos de leitura, que comentei na edição passada, já está escrito. Falta apenas a revisão para publicação. Mas confesso que produzir os posts sobre o Azure Boards me toma bastante tempo, principalmente pela quantidade de imagens, então decidi dar uma postergada no resto.
A seção "Falando sobre agilidade" dessa edição ficou um pouco longa. Então, fiz alguns cortes no texto e pretendo postar na semana que vem uma explicação mais detalhada sobre como é o formulário de moral do time.
Por fim, a newsletter ficou tão extensa que acabei dedicando muito tempo para ela e não deixei tanto tempo assim para o blog, mas estou seguindo o meu próprio conselho e equilibrando o tempo que dedico para os meus projetos e para descansar.
Se você, assim como eu, está trabalhando com um time remoto, que precisa seguir entregando resultados e necessita de motivação, essa edição foi escrita pensando em você. Espero que consigas resultados até melhores do que os que eu consigo.
Por hoje é isso, boa quinzena!
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Imagem do preview de Sharon McCutcheon, via Unsplash