Olá,
Primeiramente, gostaria de agradecer a todos que votaram na enquete da edição passada. Ter feedbacks sobre o que eu envio aqui é bem importante para mim e acredito que tem valor para quem recebe também.
A edição de hoje é sobre um conceito que foi explicado muito rapidamente num livro que estou lendo. Mas que consegui me identificar muito e entender que é uma forma de se pensar muito útil para evitar sofrimento desnecessário. Além disso, também falo sobre como diversificar os temas que venho estudando tem me ajudado a absorver melhor o conhecimento e sobre como alinho expectativas junto ao time.
Boa leitura!
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🎯 Tema da edição: A regra dos 10 anos
👩🏽💼 Sobre gestão: Alinhamento de expectativas
📖 Aprendizado contínuo: Diversificando temas
🎯 Tema da edição: A regra dos 10 anos
Seção para falar sobre o tópico principal da edição.
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Eu estou lendo um livro chamado “A velocidade da confiança” e ele tem muitos conceitos que eu pretendo compartilhar aqui e no blog. Para iniciar, quero falar sobre a regra dos 10 anos.
No livro, o autor fala sobre uma situação em que ele tinha que escolher entre cumprir uma promessa que fez para a sua filha ou atender a uma demanda de última hora no trabalho. Mesmo se considerando um homem que coloca a família em primeiro lugar, ele se viu em dúvida sobre o que fazer. E só conseguiu decidir a partir do momento em que ele se lembrou da regra dos 10 anos:
Daqui a 10 anos, qual atitude me deixará contente?
Com isso, ele se decidiu por explicar que não poderia comparecer à reunião de última hora e escolheu ir para o compromisso da sua filha.
Lendo esse relato, eu imediatamente me lembrei de uma situação parecida na minha própria vida. Há alguns anos atrás, eu trabalhava num ritmo frenético. Eu tinha hora para ir para o trabalho, mas não tinha horário para sair. Mesmo trabalhando até de madrugada, eu estava lá no horário normal no dia seguinte.
Deixando de lado uma possível atuação do Ministério do Trabalho na minha história, gostaria de focar nas implicações pessoais. Na época, recebi o feedback de que nunca estava em casa e não fazia nada além de trabalhar. E é impressionante que, naquele momento, eu cheguei a retrucar dizendo que não era bem assim. Mas, parando para pensar, percebi que quando saía de casa eu não tinha contato com ninguém por ser muito cedo. E quando voltava para casa, não tinha contato com ninguém por ser muito tarde.
Eu precisei fazer uma decisão, até mesmo pela minha saúde, e fui embora. Foi difícil e sofrido, fiquei com dúvidas e não conseguia ter certeza de que estava fazendo uma decisão boa para mim. Mas hoje, vejo de uma forma totalmente diferente.
Tudo bem que é muito fácil falar isso depois de saber o que aconteceu após essa decisão. Mas eu imagino que se tivesse considerado a regra dos 10 anos lá atrás, eu teria sofrido bem menos para me decidir. Porque, certamente, eu não me orgulharia de escolher o trabalho sobre a minha família. Além disso, quando vemos os problemas de uma perspectiva futura, fica mais fácil pensar a respeito. Porque atualmente, tudo é urgente, tudo precisa da minha atenção.
E sendo bem sincera, todos nós somos substituíveis. O time continuou trabalhando e o projeto continuou existindo depois que eu saí. Mas acredito que muitos têm essa tendência de achar que tudo para quando não estamos presentes. Conforme fui evoluindo na gestão de pessoas, entendi que deveria focar em fazer exatamente o contrário. O sucesso do meu trabalho é demonstrado quando eu não estou e mesmo assim as pessoas conseguem trabalhar bem, porque o processo está organizado o suficiente para isso.
Não posso voltar ao passado e confirmar que saber a regra dos 10 anos teria feito a diferença. Mas, depois de conhecê-la, escrevi a regra num post-it e colei num mural que fica na minha mesa de trabalho. A cada decisão difícil, releio e tento pensar na decisão nessa ótica mais afastada.
Espero que compartilhar aqui seja útil para você tanto quanto foi para mim.
👩🏽💼 Sobre gestão: Alinhamento de expectativas
Uma seção para compartilhar as minhas descobertas a respeito da gestão de pessoas. As referências usadas na seção estão aqui.
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Alguns dos maiores problemas que tive no trabalho teriam sido evitados se as expectativas tivessem sido alinhadas previamente. E o mais decepcionante de algumas dessas situações é que em várias delas eu estava me esforçando muito para atender ao que eu achava ser o correto.
Pensando no que eu já passei, sempre tento ao máximo evitar que essas situações se repitam para mim e para os meus liderados. Para ficar mais claro, vou tratar do assunto sob os dois pontos de vista: o meu como liderada e o meu como líder.
Alinhamento de expectativas como liderada
Quando iniciamos qualquer trabalho, é intrínseco que ele tenha um objetivo e um propósito. Se não temos uma visibilidade desses pontos, certamente vamos fazer um trabalho que vai demandar um tempo que poderia ser aplicado fazendo a coisa certa.
Para evitar retrabalho, sempre gosto de alinhar com o meu líder as expectativas do meu trabalho. Gosto de usar momentos como os 1:1's para perguntar a respeito. E faço isso de forma constante. Porque é muito comum termos situações diferentes a cada trimestre, que exigem que o nosso foco e prioridades mudem.
Por isso, gosto de levar as expectativas como um tópico recorrente nas reuniões de 1:1, além de também pedir feedbacks para entender se estou atendendo a essas expectativas. Mesmo sabendo que o ideal é passar feedbacks constantes, nem sempre o dia a dia permite. Então é sempre bom dar uma relembrada para o meu líder.
Alinhamento de expectativas como líder
Agora falando do meu ponto de vista como líder, existem alguns momentos em que eu faço questão de alinhar expectativas:
Entrevista
Quando estamos selecionando alguém para o time, deixamos as expectativas explícitas na descrição da vaga. Mas também é bom se organizar para passar os detalhes durante o processo da entrevista. A descrição da vaga é um espaço limitado e dar uma visão mais aprofundada ajuda até mesmo o candidato a entender se a vaga é o que ele estava esperando.
Onboarding
Se o candidato for contratado, é interessante fazer o reforço das expectativas durante as primeiras semanas de trabalho. Não que vá ser algo muito diferente do que foi falado na entrevista, mas provavelmente terá alguns detalhes mais específicos.
1:1's
A cada acontecimento que entendo que as expectativas não estão sendo atendidas e posso esperar os 15 dias até o 1:1 para conversar, eu anoto o feedback na ata que tenho para essas reuniões. Então, no dia do 1:1, eu faço os questionamentos para entender o que está acontecendo e tiro as dúvidas a respeito da atuação.
Gosto dessa abordagem porque, às vezes, chegar dizendo que algo não está certo pode ser um equívoco. Nem sempre conseguimos comunicar as expectativas e, na minha opinião, o melhor é aproveitar a oportunidade para também melhorar as próximas conversas.
Dia a dia
Caso o acontecimento seja algo que precisa ser ajustado, mas não pode aguardar pelo 1:1, costumo entrar em contato no mesmo dia para conversar. Algumas situações podem ser resolvidas via chat e outras pedem por uma reunião. Independentemente do formato, é bom ficar atento e saber diferenciar quais situações podem ser resolvidas no dia a dia e quais precisam de uma atuação mais imediata.
Feedback do ciclo
Além dos alinhamentos de expectativa do dia a dia e dos 1:1's, gosto de fazer um momento dedicado ao assunto nos feedbacks do ciclo. Além de passar o que foi destaque e o que precisa melhorar, gosto de uma abordagem em que reúno essas duas informações e gero uma lista de sugestões para o próximo ciclo.
Assim, entendo que consigo reforçar a mensagem do que precisa ser mantido e o que precisa ser mudado e deixo explícito na forma de comportamentos e entregas esperadas.
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Eu sou muito movida a feedbacks. Por isso, gosto de incluir esse ritual em todos os momentos possíveis do dia a dia do time. Apesar de ser difícil manter essa rotina, faço o uso de um documento para cada integrante do time, para conseguir registrar os feedbacks e os direcionais que preciso passar.
Como todas as dicas que passo aqui, ter organização é um ponto crucial. Ainda mais agora que estou gerenciando dois times. Mas a ideia é que o alinhamento de expectativas seja constante, mesmo tendo muitas pessoas sob sua responsabilidade. Sem isso, muita gente pode seguir errando achando que está acertando e isso é muito prejudicial. Principalmente se considerarmos que cada integrante tem uma influência forte sobre os seus colegas de time. E os comportamentos e práticas, certos ou errados, se perpetuam entre as pessoas que trabalham juntas.
📖 Aprendizado contínuo: Diversificando temas
Seção com a minha rotina de aprendizado.
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Esse tem sido um dos anos mais produtivos no estudo para mim. Desde que me formei na faculdade, me vi reduzindo o volume de tempo dedicado a estudar. Principalmente porque precisava de um tempo para descansar. Depois que iniciei a transição para a gestão, retomei os estudos mas nada no nível da faculdade. Porém, notei uma certa dificuldade em focar e conseguir absorver os conteúdos.
Todas as dicas que encontrei no curso "Aprendendo a aprender" foram bem úteis para superar essas dificuldades. Mas eu também segui uma outra estratégia, sem nem perceber direito, que agora entendo que me ajudou muito. Eu não estou mais estudando apenas para o trabalho.
Esse ano eu estudei muito para o trabalho. Estou com uma bolsa da Coursera e acabei de finalizar um curso com encontros online que iniciou em abril. Mas eu sinto que só consegui ir bem neles, porque estudar voltou a fazer parte da minha rotina diária.
Eu também fiz um curso de contos, algo que eu nunca imaginei que faria. Alguém indicou num grupo que eu estava e apenas decidi fazer. O trabalho final era entregar um conto e eu confesso que fiquei meio envergonhada de escrever e entregar para alguém um texto de ficção. Mas foi bom para sair da minha zona de conforto.
Estou também estou com uma assinatura da Academia do Bordado, que reune vários cursos sobre bordado. Entre eles, está um pacote de riscos para bordar um calendário de 2023. Não estou tão bem assim com os prazos, mas consigo fazer os meses dentro dos seus trimestres, pelo menos.
Esses são só alguns exemplos de temas diferentes que eu venho estudando. O importante é compartilhar que a partir do momento que transformei o aprendizado em algo do meu dia a dia, o resultado dos meus estudos melhorou muito. E nem precisou ser um aprendizado formal para fazer efeito. Eu não faço aulas ou leituras todos os dias, às vezes eu apenas aprendi um novo movimento no Pilates ou ganhei algum conhecimento útil que alguém compartilhou comigo. Não estou recomendando aqui que você estude todos os dias durante horas, mas sim que tenha a mente aberta para aprender. Aquele conceito do mindset de crescimento que, às vezes, esquecemos que todos podem ter.
O contato com coisas além das redes sociais é uma forma de se reconectar com o que importa. E eu sinto que estou desacelerando o ritmo que a internet me impôs ao focar em aprendizado contínuo. Não sei se o que eu compartilhei aqui fez muito sentido para você, mas queria passar a ideia geral de que é bom explorar coisas diferentes.
O episódio #45 do "Helena, o podcast tá pronto" fala sobre aprender coisas pela primeira vez. O que eu mais gostei do episódio é que, além de ter um tom descontraído, elas falam sobre aprendizado em diversas áreas. Muito próximo do que eu entendo ser uma forma interessante de se ver o aprendizado contínuo.
📄 Notas quinzenais
Uma curadoria sobre tudo o que chamou a atenção nos últimos dias. Por William Brendaw.
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Como o embargo imposto pelos EUA à China está fazendo com que a gigante asiática corra contra o tempo para concorrer no mercado internacional de chips.
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Como a Apple inventou seu futuro enterrando seu passado
Um documentário que fala sobre como a Apple tem um passado sombrio com um dos seus produtos mais revolucionários, o Apple Lisa.
Conteúdo em inglês.
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Live NPC: Entenda a nova trend do Tiktok que rende valor surpreendente
A verdade é que não é possível entender de verdade como isso é algo que realmente existe. Mas o fato é que pessoas estão imitando personagens não jogáveis de games em lives no TikTok e tem gente que paga para eles fazerem coisas bem malucas.
Não há o que não “haja" (sic).
📚 Lista de leitura
Registro de todos os livros que li desde o último envio da newsletter. A lista completa de livros que prometi ler esse ano pode ser vista no post Lista de leitura 2023.
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Angola Janga - Marcelo D'Salete
Uma HQ que conta a história de Zumbi dos Palmares. Não é um formato que estou muito acostumada a ler (a não ser pela Turma da Mônica), mas acredito que foi uma boa introdução para HQs mais sérias. Além da história, tem uma seção no final com várias informações sobre a época e um glossário explicando os termos utilizados. É um história revoltante, mas que não pode ser esquecida e esse autor parece ter muitas publicações com histórias que não deveriam ser esquecidas.
💻 Últimos posts do blog
Seção onde envio as atualizações do blog, sempre no estilo slow blogging.
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Na semana passada, iniciei uma série sobre autoliderança, tema que eu já tinha falado sobre em duas edições da newsletter. Na primeira vez, foi após conhecer o termo em um curso do Coursera. Na segunda vez, foi após começar um curso no trabalho que apresentou o mesmo conceito de forma mais direta.
Não que eu não conhecesse a autoliderança antes, mas gosto muito quando alguns conceitos possuem uma denominação que engloba uma característica em comum. E, nesse caso, eu entendi que muito do que eu fiz pelo meu desenvolvimento pessoal nesse ano poderia ser chamado de autoliderança.
Essa série vai ter 7 posts no total e o cronograma está completo no primeiro post. Ainda não me decidi como pretendo encerrar, porque já pensei em acompanhar a evolução da minha autoliderança com um documento no Coda, um documento em PDF ou até mesmo um aplicativo. Mas decidi compartilhar o que eu aprendi enquanto organizo como aplico esses novos conhecimentos na prática. Independentemente da forma que eu escolher, pretendo compartilhar no último post.
Espero que você goste e consiga usar cada um dos conceitos que vou compartilhar para trazer algum benefício no seu dia a dia.
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Desenvolvimento pessoal
Primeiro post da série que possui a definição da autoliderança. Ela é dividida em 6 habilidades, sendo que a série possui um post para cada uma delas. A intenção é passar a definição de cada habilidade nos posts seguintes, com algumas práticas e conceitos relacionados e que podem te ajudar a trabalhar a autoliderança como um todo.
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Autoliderança - Definir objetivos
A primeira habilidade da autoliderança é a de se definir objetivos. Neste post, compartilho três conceitos que apoiam na definição de objetivos mais completos e com maior chance de conclusão.
Uma coisa legal que aconteceu na semana passada foi conseguir usar os apoios para fazer a renovação de uma ferramenta. Eu uso o Coda para gerenciar o conteúdo que eu publico aqui e no blog, com um custo de $120 por ano (aproximadamente R$580). Os templates que eu crio geram $10 de crédito na minha conta a cada pessoa que se inscreve na ferramenta através deles ou de um link gerado por mim. Com isso, tive um desconto de $80 e os $40 restantes pude pagar com o valor das assinaturas do Clube do Livro para Introvertidos.
Pode parecer pouca coisa, mas conseguir manter o compartilhamento de conteúdo sem precisar fazer grandes investimentos faz uma grande diferença para mim. Ainda mais que mantenho esses gastos sozinha já há alguns anos. Muito obrigada pelo apoio e espero conseguir sempre retribuir o apoio com o que eu produzo.
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Por hoje é isso, boa quinzena!