Olá,
A edição de hoje está muito alinhada com o meu momento atual. Estou iniciando o trabalho com um novo time e planejando a implementação do Scrum. Para isso, além de me preocupar em entender as expectativas, também estou planejando tudo de acordo com a Gestão de Mudanças 3.0. Afinal, se tem uma coisa que eu aprendi com as experiências passadas, é que mudanças malconduzidas nunca dão certo.
Caso você não conheça, vou apresentar esse processo na seção "Falando sobre agilidade" e repassar algumas fontes extras dentro das "Recomendações da edição". Seja como agente da mudança ou como quem está sendo guiado no processo, é importante conhecer e entender tudo o que envolve uma boa gestão.
Espero que esse conteúdo te ajude a passar por mudanças de forma menos traumática.
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🔄 Falando sobre agilidade: Gestão de mudanças 3.0
🧭 Hack de carreira: Planejando a mudança
📝 Recomendações da edição
📚 Lista de leitura 2021
💻 Últimos posts do blog
⌨️ Posts futuros do blog
Falando sobre agilidade: Gestão de mudanças 3.0
Uma seção para falar de agilidade, mas trazendo a minha visão com anos de atuação como Scrum Master. Como fazer a teoria ser aplicada na prática? Como adaptar as diversas técnicas para os diferentes contextos onde a agilidade pode ajudar? Como usar a agilidade para fazer a diferença? São essas e outras perguntas que tentarei responder, além de também trazer questionamentos para quem me acompanha.
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Dentre os 12 princípios do Manifesto Ágil, temos um dedicado para a mudança:
Mudanças nos requisitos são bem-vindas, mesmo tardiamente no desenvolvimento. Processos ágeis tiram vantagem das mudanças visando vantagem competitiva para o cliente.
Para tirar vantagem das mudanças, é necessário ter um processo de gestão. O Management 3.0 reúne vários modelos existentes para criar o Change Management 3.0, que organiza a gestão de mudanças em 4 processos:
Dance com o sistema
Considere as pessoas
Estimule a rede
Mude o ambiente
Se você pretende implementar alguma mudança, esses são os 4 processos necessários para conseguir fazê-la da forma mais saudável e sustentável possível. Aqui, pretendo apresentar essas 4 etapas de forma sucinta, mas clara o suficiente para que fique destacada a importância de uma boa organização.
Dance com o sistema
Nenhuma mudança será bem aceita se não for minimamente planejada. Para iniciar o processo de mudança, a sugestão é seguir o modelo PDCA (Plan, Do, Check, Act).
É preciso deixar claro quais são os objetivos da mudança e ter um planejamento com os passos necessários para atingir esses objetivos. Além disso, considere a coleta de feedback e a análise dos resultados. Assim, é possível ajustar o planejamento inicial e atacar qualquer impedimento que surja durante o processo.
Considere as pessoas
Como um agente da mudança, você deve considerar que as pessoas impactadas pela mudança precisam ser envolvidas no processo. Para isso, existe o modelo ADKAR (Awareness, Desire, Knowledge, Ability, Reinforcement).
Para ter o engajamento do time, deixe clara a necessidade pela mudança, comunicando a todos os envolvidos. Também entenda quais são os gatilhos emocionais que farão as pessoas desejarem a mudança.
É necessário passar o conhecimento necessário para implementar a mudança e permitir que a prática ocorra. Lembre-se que você será um facilitador, não o único que fará a mudança acontecer. Com isso em mente, celebre cada vitória e evidencie para o time quais os benefícios que estão sendo obtidos a cada iteração.
Estimule a rede
Como comentei, você é o agente da mudança, ou seja, quem inicia o processo. Para espalhar a mudança, é preciso ter o apoio dos grupos que irão engajar inicialmente, para usá-los como ignição para os grupos seguintes. Aqui, a Gestão de Mudanças 3.0 faz uso do modelo "Curva de Adoção da Inovação".
Nesta etapa, você deve reforçar o seu próprio comprometimento com a mudança. Além disso, é preciso identificar quem serão as pessoas que estarão desde o início, quais serão os detratores e como atingir as pessoas em cada etapa da curva de adoção. Aqui a mudança se espalha e deve-se trabalhar para evitar recaídas.
Mude o ambiente
Para mudar o ambiente, o modelo dos 4 I's foi adaptado para o modelo dos 5 I's (Information, Identity, Incentives, Infrastructure, Institution).
Para sustentar a mudança, deve-se ter uma estratégia para disseminar informação. Criar uma identidade para o grupo e estimular para que ela fique cada vez mais forte. Bons comportamentos devem ser encorajados, replicados e estabelecidos como boas práticas através de comunidades.
Esta etapa também instrui a definição das ferramentas e infraestrutura necessárias para influenciar e guiar o comportamento.
Colocando em prática
Vendo todos os modelos e etapas de uma única vez parece um pouco complicado, mas existe um material de apoio chamado "Change Management Game" que pode te ajudar a entender se você está preparado para iniciar uma mudança. São 34 perguntas norteadoras para cogitar se é possível iniciar o processo de mudança ou avaliar um processo de mudança em andamento.
Os modelos reunidos na Gestão de Mudanças 3.0 expõe tudo o que deve ser avaliado para seguir com o processo de mudança da forma menos traumática possível. Quanto maior a mudança, maior deve ser o planejamento e mais comprometido com as práticas você deve ser.
Tudo é uma questão de experimentar.
Hack de carreira: Planejando a mudança
Nesta seção, vou falar sobre como mudei alguns comportamentos que cultivei desde o meu primeiro emprego e que até pouco tempo atrás me prejudicavam e eu não tinha consciência. No decorrer das edições, vou explicar um pouco melhor como tudo aconteceu e espero que sirva de exemplo e motivação. O primeiro capítulo dessa história foi contado na primeira edição.
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Como prometido na edição anterior, chegou a hora de começar a falar sobre como coloquei em prática tudo o que aprendi depois de ler o "Como as mulheres chegam ao topo". Quando comecei a escrever esta seção, sabia que alguma mudança iria acontecer, porque eu decidi ser a protagonista da minha carreira. E, se você vem acompanhando todas as edições, provavelmente já deve saber algumas dessas mudanças, mas pretendo explicar da forma mais completa possível, ainda seguindo a linha do tempo.
Depois de ler o livro, selecionei quais dos 12 hábitos eu precisava trabalhar de forma prioritária. Precisei me esforçar para fazer essa seleção porque, sinceramente, eu me identifiquei com todos. Os próprios autores sugerem que a mudança inicie por um único hábito, mas como já estava insatisfeita há mais de 2 anos, achei que poderia incluir mais alguns na lista.
No momento em que gerei essa lista priorizada de hábitos, selecionei os seguintes:
Hábito 1: Relutar em reivindicar suas conquistas
Hábito 2: Esperar que os outros notem e recompensem espontaneamente suas contribuições
Hábito 6: Colocar seu emprego à frente de sua carreira
Hábito 10: Demais
Hábito 11: Ruminar
Deixei a definição de cada um deles neste post, já que alguns não possuem nomes muito autoexplicativos e também não queria deixar a newsletter enorme.
O que eu fiz em seguida foi entender como cada um deles me impactava e definir o que poderia fazer para mudar. Eu tinha consciência de que não poderia resolver todos de uma vez, mas precisava, pelo menos, tomar consciência do que estava me incomodando.
Hábito 1
Depois que fui incluída num chat para me ensinarem algo que eu era referência dentro da companhia, notei que alguma coisa estava muito errada. Seja porque eu realmente não demonstrava o meu trabalho, seja porque tínhamos um problema muito sério de comunicação, eu liguei um alerta e decidi fazer algo a respeito.
Ter o conhecimento que o livro me trouxe ajudou muito, porque anteriormente eu provavelmente iria me chatear com a situação, reclamar um pouco e seguir adiante. Porém, dessa vez, eu decidi deixar claro para a minha gestão a respeito do meu conhecimento da ferramenta na próxima vez que conversamos.
Hábito 2
Além de esclarecer a situação do hábito anterior, eu também deixei a minha gestão ciente de todo o meu histórico. Nas edições anteriores, eu contei como a mudança constante de gestão me fez perder de vista o que eu realmente queria. Depois que eu entendi o quanto essas trocas me faziam mal e o quanto eu sacrificava dos meus planos sem ter uma contrapartida, ficou muito mais fácil entender que eu precisava deixar essa insatisfação clara, caso quisesse alguma mudança.
Hábito 10
Não foi apenas sair falando tudo o que eu tinha feito até o momento ou tudo o que me incomodava. O que eu fiz foi escrever quais eram as minhas entregas e o que me deixava frustrada. Depois, eu consolidei tudo para poder falar de forma sucinta todos os pontos e aproveitar da melhor forma possível o tempo que teria para expor tudo.
Hábito 11
Aqui estava o meu maior desafio. Esse hábito fala muito sobre superar acontecimentos e seguir adiante, mas eu tenho a mania de rever situações, esperando descobrir o que eu fiz errado e o que poderia fazer melhor.
Dentre todos os hábitos do plano de ação, encarei esse como o mais difícil de mudar, mas também como o mais urgente. O passo inicial foi entender que estava trabalhando com uma gestão que não tinha nada a ver com as situações anteriores. Mesmo assim, precisei passar todo o meu histórico para que ficasse clara a minha insatisfação com o quadro geral, apesar de estar muito feliz no time e na área que estava trabalhando no momento.
Hábito 6
Esse foi o hábito que precisei de mais apoio para quebrar. Eu sempre tenho uma relação de muita gratidão com a empresa que eu estou no momento. Se eu estou trabalhando em algum lugar, eu quero mostrar que eu mereço estar ali e que eu realmente estou feliz de ter a oportunidade. Essa minha característica talvez não esteja diretamente ligada a esse hábito, mas acredito que tem um grande peso nas minhas decisões em relação à minha carreira.
Eu nunca penso em relação à minha carreira, na verdade. Eu sempre penso no que posso fazer melhor ou como posso evoluir no lugar onde eu estou. E deveria ser uma troca justa: eu dedico grande parte do meu tempo trazendo resultados, então, em contrapartida, a empresa deveria me reconhecer de acordo. Depois de todas as situações que contei nas edições anteriores, eu já sabia que a balança não era equilibrada, mas eu precisei de dois anos para tomar uma decisão e mudar o rumo. O que eu descobri ser o meu tempo médio para fazer uma mudança, ou seja, tempo demais.
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Com essas informações, cheguei no momento em que decidi iniciar a Trilha de Valor. Iniciei a newsletter com essa seção para compartilhar os resultados desse experimento, sem saber ao certo o que ia acontecer. Compartilhar a minha experiência completa tem sido um pouco estranho, já que aqui estou compartilhando situações que somente pessoas próximas a mim sabiam, mas eu acho que é importante mostrar que todo mundo tem muitos problemas no caminho, a diferença está em como respondemos a eles.
Na próxima edição, vou falar sobre como executei o meu plano a partir do que eu listei nos hábitos e como respondi ao retorno que tive. Obrigada por acompanhar até aqui.
Recomendações da edição
Seção com as recomendações relacionadas com o assunto da newsletter ou com novidades interessantes e que acho que vale a pena conhecer.
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A seção "Falando sobre agilidade" trouxe um panorama geral sobre a gestão de mudanças, mas existem muitos materiais que podem apoiar nesse tópico, além de aprofundar a discussão.
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Antes de iniciar como Squad Lead, fiz duas certificações de Management 3.0 com a Agilers: Management 3.0 Fundamentals e Gestão de Mudanças 3.0. Os dois cursos são online e a facilitação do Thiago Brant é muito tranquila.
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Como mudar o mundo - Jurgen Appelo
O autor do Management 3.0 escreveu esse livro para falar apenas dos modelos reunidos na Gestão de Mudanças 3.0. Além de explicar cada um deles, o livro possui vários exemplos de projetos onde os modelos foram aplicados e quais foram as dores resolvidas em cada etapa.
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É um jogo de cartas com 34 perguntas agrupadas nos 4 contextos que devem ser considerados para gestão de mudanças: pessoas, rede, sistema e ambiente. Você pode usar as perguntas para entender se está pronto para iniciar uma mudança ou reunir o time para avaliar se todos conseguem responder às perguntas, confirmando a visibilidade do processo.
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Totalmente fora do assunto da edição, mas que eu achei muito interessante. O AutoDraw é uma ferramenta para desenhar que combina aprendizado de máquina com a nossa falta de talento. A cada tentativa de desenhar algo, a ferramenta tenta adivinhar o que estamos desenhando e faz ajustes na imagem e sugestões para substituir os rabiscos.
Lista de leitura 2021
Prometi ler 12 livros em 2021. Já passei desse número, mas sigo compartilhando os últimos livros que li. A lista da promessa original pode ser vista no post Lista de leitura 2021.
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How to Change the World: Change Management 3.0 - Jurgen Appelo
Versão em inglês do livro "Como mudar o mundo". Li essa versão para treinar um pouco a leitura em inglês e para reforçar os conceitos que vi no workshop de Gestão de Mudanças 3.0. Além de ser um ebook com valor baixo, também está disponível no Kindle Unlimited.
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Liderança de produtos digitais - Joaquim Torres
Livro de julho do clube do livro das Mulheres de Produto. O livro é um guia de liderança muito completo. Fala desde a cultura de produto até como montar e acompanhar o desenvolvimento de um time. No início, achei bem parecido com o Inspirado, mas ele tem o diferencial de trazer a experiência e exemplos da cultura de produto em empresas brasileiras. É uma ótima leitura para quem está na liderança e precisa de um panorama geral de como funcionam todos os processos envolvidos nesse papel.
Últimos posts do blog
Seção onde envio as atualizações do blog. Não será uma seção com envio tão frequente porque estou aderindo ao slow blogging, mas sempre que houver alguma novidade, você fica sabendo por aqui.
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Insights
Post para marcar mais um aniversário do blog com alguns números interessantes a respeito do último ano. Como alguém que geralmente não leva adiante muitos projetos pessoais, fico muito feliz de ter o blog firme e forte. Meu muito obrigada para quem me acompanha. 😊
Desenvolvimento pessoal
Post de apoio para a seção "Hack de carreira". Apesar de ser um ótimo livro, confesso que acho o "Como as mulheres chegam ao topo" meio ruim para a nomenclatura de alguns hábitos. Para ajudar quem me acompanha nessa seção, fica o post com as definições a respeito de cada hábito.
Posts futuros do blog
Sempre estou planejando novos conteúdos e gosto de compartilhar este processo com os inscritos na newsletter. Esta seção inclui as ideias que estão na fila e o que ando estudando e pode virar post.
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Pretendo fazer um post para cada modelo que compõem a Gestão de Mudanças 30 nas próximas semanas. Assim, acredito que essa edição vai ser a com a maior quantidade de material complementar. É um assunto que me interessa bastante e que tem me ajudado muito no dia a dia.
Porém, ando olhando algumas coisas a respeito de programação. Nada muito específico, mas ando com várias ideias meio aleatórias, só falta decidir com quais vou seguir adiante.
Os últimos 15 dias passaram muito rápido e eu achei que nem conseguiria fazer uma edição tão completa. Eis a diferença de estar motivada.
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Por hoje é isso, boa quinzena!
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Imagem do preview de Aleks Dahlberg, via Unsplash