Olá,
Terminamos a segunda leitura do Clube do Livro para Introvertidos, o livro "Resista: Não faça nada". Assim como na leitura anterior, quero compartilhar nessa edição alguns conceitos interessantes que aprendi. Foi um livro bem surpreendente, no sentido de que não foi um aglomerado de dicas rápidas ensinando a como não fazer nada. Mas sim uma reflexão sobre como vivemos em um tempo em que a nossa atenção é muito valiosa e não dedicamos ela ao ambiente em que estamos.
Além disso, falo sobre a curva de Tuckman, uma classificação dos estágios pelos quais todos os times passam. Gosto de pensar nesses estágios junto das práticas de Management 3.0 para entender o quanto preciso intervir e incluí uma fonte que aprofunda sobre isso.
Como sempre, espero que seja uma boa leitura.
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🎯 Tema da edição: Resista: Não faça nada
📘 Clube do livro para introvertidos: Próxima leitura
👩🏽💼 Sobre gestão: Curva de Tuckman
🎯 Tema da edição: Resista: Não faça nada
Seção para falar sobre o tópico principal da edição.
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A segunda leitura do Clube do Livro para Introvertidos foi o livro "Resista: Não faça nada", de Jenny Odell. Dentre os diversos conceitos compartilhados, escolhi como tema da edição de hoje os que mais me impactaram na leitura.
Eu tive uma quebra de expectativa, porque estava esperando um livro com instruções mais diretas sobre como não fazer nada. Mas fui apresentada a um livro mais filosófico e questionador. Alguns questionamentos me fizeram testar novos comportamentos imediatamente. Outros me deixaram pensativa sobre o que posso mudar no longo prazo.
Tentando organizar o que me deixou mais pensativa, deixo aqui três conceitos que me intrigaram e que acredito que vão me levar a fazer mudanças substanciais.
Habilidade aguçada de escuta
Apresentada como uma das vantagens do fazer nada, a habilidade de escutar de verdade parece ser algo não tão presente nas relações atuais. É preciso treino e um esforço constante para manter o foco e controlar a vontade de elaborar uma resposta enquanto escuta.
Enquanto lia sobre a escuta ativa, não pude deixar de pensar no quanto as pessoas estão mal acostumadas com uma comunicação rápida e sem muita atenção. E o exemplo mais marcante para mim é o uso do WhatsApp.
Este artigo (em inglês) fala sobre os malefícios do uso de mensagens de áudio de forma indiscriminada. A falta de feedbacks durante uma conversa no WhatsApp (algo que não acontece em uma conversa normal) faz as pessoas ultrapassarem os limites e não pensarem no conforto de quem está recebendo a mensagem. Além disso, a dinâmica da conversa é diferenciada. Já que em uma conversa presencial alguém dificilmente ficaria 7 minutos falando sem parar.
O artigo não fala sobre outra funcionalidade que atrapalha a escuta na vida real: a de acelerar o áudio. Já vi discussões sobre como o ritmo acelerado que podemos usar online nos desconecta do ritmo da vida real e atrapalha as relações que temos com outras pessoas. São tecnologias que parecem facilitar a nossa vida quando, na verdade, estão dificultando a nossa convivência na realidade.
Nos meus exercícios de mindfulness, comecei a testar a escuta ativa em reuniões. E cheguei à conclusão de que passo muito tempo desfocada em reuniões com mais 30 minutos. Idealmente, gostaria de manter reuniões mais curtas. Mas, como nem sempre é possível, estou exercitando o foco e a escuta em todas as reuniões.
Já passei por várias situações em que perdia o fio da meada ou algum acordo importante por estar divagando e sei que isso é prejudicial para mim e para o time. E treinando a escuta passei a perceber que apenas estar presente já resolve metade dos problemas que tenho no trabalho.
Sigo trabalhando nesses exercícios de atenção e estou consumindo bastante energia para manter o foco. Mas mal comecei a exercitar a minha escuta e já tive resultados interessantes. Apesar de estar focando muito no campo profissional, acredito que é algo para ser aplicado em qualquer área da vida.
Sobrecarga de informação, a um ritmo impossível de ser acompanhado
A autora também ressalta que a comunicação instantânea prejudica a visibilidade e a compreensão porque cria uma sobrecarga de informação, a um ritmo impossível de ser acompanhado. Estando cronicamente online, costumamos ter a sensação de que sempre existe algo para ler, conhecer, saber ou se informar.
Já falei sobre FOMO e sobre infoxicação. O primeiro se refere à ansiedade gerada por achar que algum evento pode estar acontecendo e você está perdendo. O segundo se refere à intoxicação causada pelo excesso de informação. Um fenômeno é relacionado com o outro diretamente, porque o FOMO pode nos levar a infoxicação. A partir do momento que seguimos online para não perder nada, podemos estar consumindo conteúdo demais, sem nem mesmo conseguir interpretar o que estamos acompanhando.
Tomar a decisão de se manter alheio a alguns acontecimentos e desacelerar, prestando mais atenção na vida real, pode ser estressante num primeiro momento. Mas não fomos feitos para absorver e processar o volume de informações que temos disponível na internet. Fazer a escolha de se afastar é uma escolha também pela nossa saúde.
Biorregionalismo
Um conceito que eu achei muito interessante e que pretendo prestar mais atenção depois da leitura é o biorregionalismo. Mais do que observar onde estamos, o biorregionalismo sugere também uma forma de se identificar com o lugar, construindo uma conexão com a região por meio da observação e responsabilidade com o ecossistema.
Com os questionamentos da autora, eu percebi que não sabia muito a respeito da vegetação da minha cidade, não sei identificar a fauna que passa por mim no dia a dia e também não sei as mudanças que ocorreram na paisagem. Como uma torcedora do Internacional, que tem um estádio construído sobre a beira do rio, sinto que eu deveria ter um pouco mais de conhecimento sobre as intervenções feitas na minha região.
Vejo essa falta de consciência como um resultado da vida acelerada que levo. Não posso afirmar por todas as pessoas, mas acredito que é meio geral. Acho que é alta a chance de encontrar mais pessoas que não sabem as transformações que a sua própria cidade passou nos últimos anos e como isso impactou na formação dos bairros ou até mesmo como atraiu ou afastou a fauna local.
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Esses são os três conceitos que mais me chamaram a atenção no livro e que pretendo aprofundar. Me dedicar para escutar melhor as pessoas, controlar o volume de informações que eu consumo e ser mais consciente da minha biorregião são práticas que acredito que trarão benefícios no longo prazo. Resistir e não fazer nada não é ficar parado, mas sim prestar atenção no lugar onde se está e no uso do tempo que se tem disponível.
Caso tenha se interessado nesses tópicos, recomendo a leitura do livro. A autora aprofunda esses e outros assuntos relevantes e questiona sobre a forma que levamos a nossa vida atualmente.
📘 Clube do livro para introvertidos: Próxima leitura
Um clube para quem quer participar de leituras coletivas, sem necessariamente precisar interagir. Para participar, inscreva-se na newsletter do projeto.
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A próxima leitura do Clube do Livro para Introvertidos é o livro "O ponto da virada", de Malcolm Gladwell. Para quem quiser acompanhar de forma síncrona, vamos começar a ler no dia 07/11.
Mais informações sobre a próxima leitura podem ser encontradas nessa publicação:
Entrando no clube, você também tem acesso ao material das leituras anteriores.
👩🏽💼 Sobre gestão: Curva de Tuckman
Uma seção para compartilhar as minhas descobertas a respeito da gestão de pessoas. As referências usadas na seção estão aqui.
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A curva de Tuckman é um modelo que descreve os estágios pelos quais um time passa durante a sua existência. E estar ciente desses estágios ajuda na gestão, já que times de alta performance passam por todos eles. Ao identificar onde o time se encontra, é possível planejar ações que ajudem no avanço para a próxima fase.
Forming: neste primeiro estágio, o time está em formação. Ou seja, as pessoas ainda não se conhecem, o propósito do time ainda não está claro e acordos ainda precisam ser feitos. Fica a cargo do líder facilitar a apresentação entre as pessoas, esclarecer o motivo pelo qual o time foi formado, trabalhar para entender como cada integrante pode contribuir e conduzir os acordos iniciais
Storming: conforme o time avança no trabalho e vai criando sinergia, as pessoas se sentem mais confortáveis para se expressar e os diferentes perfis podem gerar conflitos. O líder precisa atuar como um coach, mantendo os conflitos dentro dos limites. É um momento propício para feedbacks constantes
Norming: fase em que os integrantes já estão mais cientes da sua atuação e passam a entender melhor a como trabalhar como time. O líder passa a trabalhar como um facilitador, que foca em ajustar os processos ao time.
Performing: etapa em que o time consegue trabalhar de forma auto-organizada. Todos possuem conhecimento do processo, fazem as suas entregas e sentem-se pertencentes ao time. Com essa autonomia, resta ao líder delegar as tarefas e deixar o time como responsável pelas suas entregas
Adjourning: estágio em que o time atinge o seu objetivo e não existe mais trabalho restante para fazer. Pode ser visto como um momento satisfatório, em que a missão foi concluída. Mas também pode ser visto como um momento triste pela separação dos colegas. O líder pode reforçar o sucesso da entrega junto ao time e apoiar na reorganização
Gosto de pensar nesses estágios sempre que uma mudança ocorre no time. Quando entra um integrante novo, por exemplo, estamos passando pelo estágio Forming novamente. Mesmo que não seja uma passagem na mesma intensidade, é preciso que a gestão atue para que o novo integrante tenha tempo para se estabelecer dentro do time e entender como tudo funciona e assim fazer parte de um time de alta performance como um integrante de alta performance.
Esse artigo explica com mais detalhes o que é a curva de Tuckman e esse artigo (em inglês) fala quais são as ferramentas do Management 3.0 que podem ser aplicadas em cada estágio.
Entender cada fase e conseguir identificá-las dentro do time é uma ótima forma de avaliar o seu trabalho como líder. Cada momento exige uma atuação diferente e o time dá sinais que apoiam na mudança constante de estratégia.
📄 Notas quinzenais
Uma curadoria sobre tudo o que chamou a atenção nos últimos dias. Por William Brendaw.
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Depois de duas décadas de domínio absoluto, a pesquisa do Google está sendo colocada em xeque. Principalmente pela ascensão do consumo de vídeos curtos.
Conteúdo em inglês.
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Como funcionam os Raio-X de corpo nas fiscalizações dos aeroportos
Um guia com perguntas e respostas bem curiosas sobre essas máquinas aparentemente simples, mas que conseguem fazer checagens bem diferentes…
Conteúdo em inglês.
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A era do smartphone transformou o mundo. O que definirá a próxima década?
Não consigo pensar em algo que revolucionou tanto o mundo quanto o smartphone. Quem dirá algo que conseguiria substituir nossos pequenos dispositivos. Mas acho que estou pensando como as pessoas que usavam velas na época em que a eletricidade surgiu…
Conteúdo em inglês.
📚 Lista de leitura
Registro de todos os livros que li desde o último envio da newsletter. A lista completa de livros que prometi ler esse ano pode ser vista no post Lista de leitura 2023.
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Quando estou sem muita ideia do que quero ler a seguir e o mês ainda não virou para que eu possa pegar o próximo livro da lista, gosto de buscar sugestões nas redes sociais (além de ver o que já tenho comprado e ainda não li). No Twitter, sinto que encontro sempre mais do mesmo. Mas encontrei um subreddit que tem sugestões bem interessantes, o r/suggestmeabook (conteúdo em inglês).
De vez em quando, surgem alguns pedidos de sugestão com respostas tão interessantes que vale a pena guardar para consultar depois. Eu percebi que tenho muitos salvos, então selecionei 10 para compartilhar aqui:
Recommend a mystery book that made you stay up more than you should’ve stayed up
Long, finished series that holds up the quality throughout its entire run
Como estou de férias, essa edição foi agendada de forma antecipada. Por isso, farei a atualização sobre as últimas leituras na próxima edição.
O Clube do Livro para Introvertidos é um clube do livro focado em não ficção e com leitura assíncrona. Por apenas R$5 mensais, você recebe o acompanhamento da leitura atual e tem acesso a todas as leituras anteriores.
Essa também é a única forma disponível para apoiar a minha produção de conteúdo.
💻 Últimos posts do blog
Seção onde envio as atualizações do blog, sempre no estilo slow blogging.
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Desenvolvimento pessoal
Autoliderança - Responsabilidade
Fechando a série sobre autoliderança, eu falo nesse post sobre a habilidade de se ter responsabilidade. Algo que todo mundo sabe o quanto é importante mas nem sempre consegue se comprometer o suficiente.
Além disso, também disponibilizo um documento no Coda para apoiar quem deseja trabalhar na sua própria autoliderança.
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Livros
Próxima leitura do clube do livro
Post para divulgar a próxima leitura do Clube do Livro para Introvertidos dentro do blog.
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Dicas e recomendações
Como acessar as notas e destaques do Kindle online
É impressionante como eu nunca encontro esse link nos meus favoritos e nem quando procuro no site da Amazon. Para resolver o problema, resolvi registrar o link no blog aproveitando para compartilhar a dica com mais pessoas.
Esse texto da Maíra Blasi me representou muito. Foi uma libertação aceitar que eu sou chata e que preciso continuar sendo para me sentir tranquila. E acho que conecta muito com o tema da edição de hoje, porque o fazer nada não é possível quando estamos cheios de compromissos e tarefas atrasados. Uma cabeça cheia de preocupações vai ter dificuldades para desacelerar e focar no presente.
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Por hoje é isso, boa quinzena!