Olá,
Depois de falar sobre as habilidades mais demandadas no mercado de trabalho, decidi que o tema job crafting encaixaria perfeitamente numa sequência.
Quando descobri o termo, descobri também que já fazia algo do tipo. Porque sempre organizei o meu trabalho de forma que o meu dia fosse o mais agradável possível. Saber os níveis existentes de personalização me fez pensar o que mais posso mudar para seguir satisfeita com o que eu faço.
Além disso, também falo sobre como tirar maior proveito das reuniões de 1:1. Esse é um ritual que considero um dos principais para manter a minha motivação sempre em alta no trabalho. Mas percebo que nem todas as pessoas aproveitam esse momento para conseguir resolver problemas ou tirar dúvidas angustiantes.
Espero que a edição de hoje ajude quem pode estar nem tão motivado assim e que sirva de inspiração para fazer mudanças que melhorem esse cenário.
Boa leitura!
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🎯 Tema da edição: Job crafting
👩🏽💼 Sobre gestão: Como tirar maior proveito dos 1:1's
📖 Aprendizado contínuo
📄 Notas quinzenais
📚 Lista de leitura
💻 Últimos posts do blog
🎯 Tema da edição: Job crafting
Seção para falar sobre o tópico principal da edição.
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A primeira vez que vi esse termo foi num curso do Coursera e achei muito interessante essa forma de mudar a perspectiva do seu próprio trabalho para conseguir ser mais feliz dentro dele.
Primeiro, vamos entender a definição:
Job crafting: é o processo de customizar o seu trabalho, mudando suas tarefas e relacionamentos sem necessariamente precisar de permissão para isso. Essas alterações são feitas para que as atividades sejam mais alinhadas com seus objetivos, expectativas, pontos fortes e habilidades.
Essa definição pode ser quebrada em três tipos:
Task crafting: testar formas diferentes de fazer as suas tarefas, seja com novas abordagens, aplicando o que você sabe de melhor, se desafiando ou alterando o escopo
Relationship crafting: construir conexões sociais novas e diferentes que podem te ajudar a encontrar formas de se engajar no seu trabalho. Inclui procurar mentores, colaborar com outros times e manter uma rede de contatos que pode te apoiar em diferentes áreas
Cognitive crafting: avaliar o propósito do seu trabalho ou mudar a forma que você enxerga as tarefas que faz. É entender como o seu trabalho se encaixa na missão da empresa e perceber o seu valor dentro da estrutura
Todas essas definições significam que podemos mudar as nossas atividades e a forma que encaramos o nosso trabalho para termos mais satisfação na vida profissional.
Falando do ponto de vista de quem atua como gestor, só é possível fazer esse tipo de mudança no trabalho quando não existe microgerenciamento. Se o gestor fica definindo o que vai ser feito, a ordem em que deve ser feito e quando deve ser feito, fica muito difícil conseguir fazer ajustes nas tarefas do dia a dia para que elas reflitam o que cada um acredita ser a melhor forma de trabalhar.
Já passamos do tempo em que cada cargo tinha uma definição limitada e bem definida. Sendo assim, existe muito espaço para que cada pessoa entenda qual é a melhor forma de trabalhar e como encontrar significado no que faz.
Ainda pensando no meu exemplo de gestão, existem diversas tarefas que eu devo conduzir para garantir que o time está fazendo o que tem que ser feito. Mas a minha liderança não define como que eu tenho que fazer isso. Eu recebo sugestões de boas práticas para algumas tarefas, mas em casos que conheço outras abordagens que podem trazer resultados melhores, tenho a liberdade de aplicar o que eu acredito ser melhor. E isso é um exemplo claro de job crafting. Eu consigo fazer mudanças na forma que eu trabalho, fico mais satisfeita e entrego o resultado esperado.
Eu também gosto muito da parte de gestão de pessoas, então dedico grande parte do meu dia focando nas pessoas. Fazendo 1:1's, buscando formas de apoiar no desenvolvimento de carreira e coisas do tipo. Isso não significa que não faço outras partes mais maçantes do meu trabalho, eu apenas me sinto mais realizada com esse tipo de tarefa.
Esse exemplo também mostra onde está o limite do job crafting. Por mais que a prática foque no indivíduo, não podemos esquecer que no final do dia vamos precisar entregar resultados. E se as mudanças que estão sendo feitas nas tarefas me ajudam como profissional, mas não ajudam ao time ou impactam negativamente nas entregas, então são mudanças que eu não deveria estar aplicando.
Isso é uma regra universal, mas não custa reforçar. A partir do momento em que estou me beneficiando, mas prejudicando todos à minha volta, talvez eu deveria parar com o que estou fazendo e pedir ajuda da minha liderança para fazer um job crafiting benéfico para o time também.
Se você é um gestor de pessoas, vale a pena entender se todos do time estão satisfeitos com o que fazem e se entendem qual é o seu papel dentro do objetivo da empresa. Caso alguém não responda positivamente, deixar clara a liberdade com responsabilidade que cada um tem pode ser o primeiro passo para elevar a motivação das pessoas.
Também li um artigo que falava do job crafting considerando o trabalho remoto. Num primeiro momento, quando todos fomos trabalhar de casa, o objetivo era entender como esse novo formato iria funcionar. Hoje em dia, as pessoas já conseguem desenhar uma rotina em que o trabalho se encaixa perfeitamente na vida pessoal. Ter o horário flexível, encontrar o lugar ideal para trabalhar e manter a comunicação assíncrona são exemplos de práticas que ajudam a manter a motivação em alta e não impactam negativamente nos resultados que precisam ser entregues.
Desde quando conheci o termo "job crafting", pensei muito no que poderia fazer para ajustar a minha visão sobre o meu papel e o meu dia a dia como alguém que trabalha mas também tem vida pessoal. E tem sido um exercício muito interessante. Espero que compartilhar ele contigo te faça pensar sobre quais mudanças você pode aplicar para ter um trabalho mais significativo e satisfatório.
Para entender melhor como o job crafting funciona, esse artigo é bem útil.
👩🏽💼 Sobre gestão: Como tirar maior proveito dos 1:1's
Uma seção para compartilhar as minhas descobertas a respeito da gestão de pessoas. As referências usadas na seção estão aqui.
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Já falei sobre 1:1's do ponto de vista do gestor muitas vezes, mas agora quero falar sobre como aproveitar bem esse ritual como liderado. Por mais que algumas dicas possam parecer simples demais, nem todas as pessoas sabem como aproveitar bem o momento com o seu líder. Com isso, algumas perdem boas oportunidades por não saber comunicar o que querem ou precisam.
Montar a pauta com antecedência
Uma das coisas mais comuns que escuto nas reuniões de 1:1 é que algum tópico foi esquecido e vamos ter que falar sobre ele depois. Além do fato de deixar o seu gestor curioso, pode ser que deixar para depois seja um problema.
Por isso, eu recomendo que todos do time façam uma pauta para essa reunião. Seja em um documento digital ou físico, anotar os tópicos para discussão assim que eles surgem evita esquecimentos. Considerando que eu faço 1:1 a cada 15 dias, esse tempo é o suficiente para que algo importante se perca.
Também costumo reforçar com o time que não é necessário esperar os 15 dias para falar comigo. Às vezes, um tópico que poderia ter sido resolvido dias atrás fica parado simplesmente porque alguém decidiu aguardar a próxima reunião de 1:1. Então, além de manter a pauta atualizada, também é bom saber discernir o que pode esperar e o que precisa ser visto antes.
Cobrar o que não foi atendido
Pode acontecer de recebermos algum pedido de ajuda e não conseguirmos priorizar. Quando isso acontece, o liderado pode e deve relembrar sobre o tópico e cobrar uma atualização.
Gerenciando dois times eu vejo a importância de anotar tudo. Mas, mesmo assim, sempre tem algo que passa porque, na minha avaliação, poderia ser visto depois. E se a minha avaliação está errada, eu sempre agradeço quando me sinalizam.
Lembre-se que você deve ser o maior interessado nos seus problemas. Se quem pode te ajudar demorar a dar retorno, não deixe o assunto esfriar e mantenha uma rotina de pedir atualizações.
Falar sobre carreira
Também já passei por situações em que alguém queria algo muito diferente e eu não sabia. Por isso, deixei de considerar essa informação importante no momento de tomar uma decisão. Eu mesma aprendi da pior maneira que não devemos esconder informações importantes do nosso gestor, principalmente no que diz respeito a estar disponível para novos desafios e oportunidades.
Nem todo 1:1 vai ter assuntos urgentes para falar, então é legal encaixar em momentos mais tranquilos conversas sobre o futuro do time, da companhia e do seu como profissional.
Levantar preocupações e dúvidas
Eu tenho um liderado que a cada anúncio feito para toda empresa eu já sei que ele vai me trazer dúvidas para entender o contexto no próximo 1:1. E eu acho isso maravilhoso, porque ele tira todas as dúvidas e sempre está bem mais tranquilo com as mudanças do que o resto do time. Simplesmente porque ele não fica especulando e aproveita o contato com alguém da gestão para entender o que está acontecendo.
Nem sempre eu tenho todas as respostas e nem sempre eu posso passar todo o contexto que eu sei. Mas conversar sobre as preocupações e dividir o que me preocupa também é uma ótima forma de se tranquilizar frente às mudanças que inevitavelmente acontecem.
Caso você tenha um perfil ansioso, recomendo que tente abrandar essa ansiedade junto ao seu gestor durante as suas conversas de 1:1.
Pedir feedback
Outra oportunidade utilizada por poucas pessoas é a de pedir feedback. Confesso que nem sempre tenho algo pronto para dizer, mas sempre que alguém me pede e eu não sei bem o que falar eu anoto na minha pauta e trago algo mais estruturado para a próxima conversa.
Aqui eu vejo que além de não ser todo mundo que aproveita essa oportunidade nos 1:1's, é mais raro ainda que as pessoas peçam feedback para os seus pares. Receber feedback ajuda muito na evolução profissional e acredito que também é legal levar feedbacks para o gestor durante os 1:1's.
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Essas são somente algumas formas de aproveitar os 1:1's com o seu gestor direto. Nem sempre vai ter assunto para preencher todo o espaço da agenda e não tem problema nenhum nisso. Mas se em todas as vezes a conversa é curta e rápida, talvez você esteja desperdiçando um tempo precioso.
📖 Aprendizado contínuo
Seção com a minha rotina de aprendizado.
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🖥️ Cursos do Coursera
Esse é o primeiro curso da "Coaching Skills for Managers Specialization". Apesar do tom pejorativo que a palavra "coach" tem atualmente, a prática original pode ajudar muito a entender o que cada integrante tem para contribuir com o time. E foi por isso que iniciei essa especialização do Coursera. Esse curso apresenta os diferentes papeis do gestor, o que é o coaching, como pontos de vista diferentes afetam a gestão e um modelo cognitivo útil para lidar com qualquer situação. Achei uma boa introdução e gostei do carisma da professora. Já estou fazendo o curso seguinte e pretendo concluir os 4 cursos da especialização.
📄 Notas quinzenais
Uma curadoria sobre tudo o que chamou a atenção nos últimos dias. Por William Brendaw.
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Talvez seja melhor manter os apps de mensagens separados
Já tentei centralizar os apps de mensagens (ou qualquer outro grupo de apps) em um só para me sentir mais produtivo. Pode ser que sirva pra alguém, mas no fim sempre me vi voltando para os apps específicos por achar que sempre faltava algum recurso que o agregador não tinha disponível. Pelo visto não fui o único com esse sentimento.
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Uma boa reflexão sobre como o uso quase que universal do QR Code em muitos lugares acaba criando uma segregação com gerações mais experientes, que não são tão habituadas a usarem celulares no dia a dia. Também aponta um certo distanciamento das interações humanas, pois se perde o contato com as pessoas nesses lugares.
Conteúdo em inglês.
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O Air Jordan está finalmente em queda
Uma análise mais abrangente sobre o impacto e a popularidade cíclica dos icônicos tênis que só o Michael Jordan conseguiu emplacar em parceria com a Nike.
Conteúdo em inglês.
📚 Lista de leitura
Registro de todos os livros que li desde o último envio da newsletter. A lista completa de livros que prometi ler esse ano pode ser vista no post Lista de leitura 2024.
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Eu terei sumido na escuridão - Michelle MacNamara
Após ter lido "Mindhunter", comecei a me interessar pelo gênero de true crime. Só de ler a sinopse desse livro percebi que já ia gostar e fiquei realmente obcecada com a história. Não vou entregar o que acontece (a sinopse já fala praticamente tudo), mas o esforço empregado para montar esse livro e entender a linha do tempo dos crimes me deixou inquieta enquanto eu não cheguei no final.
Acabei vendo o documentário baseado no livro, que está disponível na HBO Max. Eu achei que estaria apenas conhecendo as pessoas descritas no livro, mas que a história em si seria praticamente a mesma. Felizmente, eu estava muito enganada. Muita coisa aconteceu após o lançamento do livro e tudo isso é mostrado. O episódio especial (lançado um ano depois do lançamento do documentário) ainda traz mais detalhes sobre os desdobramentos do crime e a influência do livro gerada em outro caso.
Adicionado na minha lista do BibliON.
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Sertãopunk: Histórias de um Nordeste do amanhã - Alec Silva (Editor), G.G. Diniz e Alan de Sá
O livro inicia explicando o que é o movimento Sertãopunk e achei a proposta muito interessante. Enxergar o Nordeste de uma forma diferente da imaginada normalmente é um choque necessário para quem não tem noção da realidade e se apoia em preconceitos sobre a região. Depois da explicação, são incluídos dois contos. Gostei da temática, mas os contos não me conquistaram tanto quanto a proposta do movimento. Li ele no Kindle, mas não está mais disponível na Amazon.
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Gostei desse audiobook, mas acredito que teria aproveitado um pouco mais a leitura se fosse um livro normal. Como escuto cozinhando, fiquei querendo anotar alguns termos e conceitos e não quis interromper a minha atividade por isso. Mas, mesmo assim, é um material bem interessante. Os conceitos de entortar, quebrar e mesclar são explicados com muitos exemplos curiosos, que embasam bastante a teoria. Também gostei bastante da narração, algo que percebi que influencia muito o quanto estou disposta a ouvir o audiobook inteiro.
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O homem que calculava - Malba Tahan
Li esse livro pela primeira vez na minha adolescência. Me lembrava de alguns enigmas, mas percebi lendo que já tinha esquecido de praticamente tudo. A história se passa na antiga Arábia, onde um persa impressionava a todos com o seu conhecimento da matemática. Esse conhecimento é demonstrado através de cálculos para resolver os problemas de quem cruza o caminho dele e através das parábolas que ele vai contando. É um ótimo livro para quem gosta de matemática. Uma curiosidade é que Malba Tahan é o pseudônimo de um brasileiro, algo que não me atentei quando li o livro pela primeira vez.
O Clube do Livro para Introvertidos é um clube do livro focado em não ficção e com leitura assíncrona. Por apenas R$5 mensais, você recebe o acompanhamento da leitura atual e tem acesso a todas as leituras anteriores.
Essa também é a única forma disponível para apoiar a minha produção de conteúdo.
💻 Últimos posts do blog
Seção onde envio as atualizações do blog, sempre no estilo slow blogging.
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Livros
Onde encontrar boas sugestões de leituras
De vez em quando, sinto que todos estão sugerindo as mesmas leituras. Por isso, montei esse post com lugares que entendo que possuem sugestões um pouco diferentes do que vejo normalmente. Talvez eu monte uma lista parecida para livros de não ficção no futuro, já que essa é a categoria que mais vejo todo mundo lendo a mesma coisa.
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Liderança e gestão
Post que escrevi num misto de compartilhar um conteúdo legal que li e desabafar sobre os desafios do papel de gestor de primeiro nível. Adoro o meu trabalho e, no momento, não trocaria por nada. Mas acho que somente quem é consciente do que vai encontrar pode definir o quanto essa trilha de carreira vai ser satisfatória. Mesmo sendo um papel privilegiado, ele tem seus desafios e particularidades que quase ninguém fala sobre.
O primeiro mês do ano já passou, mas enquanto não passar o carnaval parece que o ano ainda não começou. Estou aproveitando esse período para implementar algumas mudanças, gerar ideias, escrever alguns rascunhos e definir o que gostaria de estudar. Inclusive, alguns desses tópicos serão compartilhados na próxima edição.
Eu andei mudando o SEO das edições e tirei o tempo de leitura para colocar um resumo bem breve do tema da edição. Continuo em dúvida sobre qual é o melhor formato e não tenho problema nenhum em trocar novamente. Então, caso você considere que o tempo de leitura junto do título do email é melhor, é só falar.
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Por hoje é isso, boa quinzena!