Olá,
Na edição anterior, falei sobre segurança financeira. Mesmo sabendo que é um assunto tratado de forma muito irresponsável na internet, estava com receio de falar sobre isso na newsletter. Mas, pela quantidade de feedbacks positivos que recebi depois do envio, sinto que fez muito sentido falar sobre dinheiro do ponto de vista de uma pessoa "normal financeiramente". Por coincidência, esbarrei nesse site que mostra algumas das maiores riquezas do mundo em uma escala de pixels. É revoltante, mas, ao mesmo tempo, é uma boa ilustração para nos deixar mais cientes das diferenças que existem no mundo.
Como tinha comentado anteriormente, a minha revolta com as redes sociais estava influenciando o texto de mais de uma edição. Na de hoje, falo sobre um fenômeno que transforma quem reclama numa vítima dos novos tempos: a falta de paciência. E não é que eu ache que as pessoas precisam esperar muito para ter o que querem e merecem, é só uma reflexão sobre o quanto podemos estar querendo muito sem dar o bastante em troca.
Também falo sobre a minha organização das leituras no GoodNotes e as Notas Quinzenais incluem artigos bem interessantes para leitura além da newsletter.
A edição de hoje está enorme, mas acredito que bem interessante.
Boa leitura!
Abraço,
Ingrid Machado
Nesta edição
🎯 Tema da edição: Paciência
🪴 Organização pessoal: Organizando leituras no GoodNotes
📄 Notas quinzenais
📚 Lista de leitura
💻 Últimos posts do blog
🎯 Tema da edição: Paciência
Seção para falar sobre o tópico principal da edição.
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Sei que estou falando muito sobre os efeitos das redes sociais aqui e no blog. Mas é um tema que está sempre na minha cabeça, principalmente por gostar de refletir sobre como ter uma vida mais off-line. E um ponto que tem me chamado muito a atenção é a falta de paciência das pessoas. Para explicar, vou usar alguns exemplos que ilustram essa minha conclusão.
Eu costumo ler bastante coisa no Reddit e um dos conteúdos que eu consumo é um subreddit sobre blogs. Frequentemente, eu vejo pessoas reclamando que estão com poucos acessos, mesmo publicando bastante, e estão pensando em desistir. Gosto de ler sobre a experiência dos outros para entender se consigo aprender algo e, quem sabe, dar alguma sugestão. Mas, em quase todos os casos, me surpreendo com pessoas reclamando com apenas um mês de blog.
Geralmente são reclamações do tipo:
Criei um blog há um mês, publiquei 2 posts por dia e estou com apenas 2000 visitantes. Estou pensando em desistir, porque investi muito tempo para pouco retorno.
Eu tenho o meu blog há quase 5 anos e foi só no final do ano passado que comecei a ter mais de 1000 visitantes mensais. Se eu focasse em métricas de vaidade, certamente eu não teria mais o blog, não teria expandido o projeto para a newsletter e nem teria publicado um ebook a partir desses conteúdos.
Quando queremos construir algo perene, independentemente de ser dentro ou fora da internet, nós temos que trabalhar por isso. Vendo grandes criadores é fácil pensar que o sucesso veio do dia para a noite. Mas, quando procuramos a história de cada um, vemos que muitos começaram do nada e trabalharam durante anos para ter o que têm hoje.
Também vejo exemplos de pessoas que entram na área de desenvolvimento e discutem a respeito da carreira como se fosse algo rápido e fácil. Comentários influenciando as pessoas a não fazer faculdade, a fazer cursos de 1 mês que te transformam em sênior e a pensar somente em hard skills me fazem pensar no quanto muitos estão sem paciência para qualquer processo. Vi um usuário do Twitter falar que está pensando em desistir de trabalhar com desenvolvimento aos 20 anos porque não levam a sério a experiência dele de 12 anos na área. É só fazer as contas para perceber o quão descolada da realidade essa reclamação está. E não acho que a culpa é dele, mas sim de quem vende um sonho impossível para fazer dinheiro às custas dos outros.
Não acho que todas as pessoas precisam fazer faculdade, nem que tem um tempo certo para virar sênior. Mas essa ilusão de que apenas estudar em cursos rápidos, sem aprender nada na prática, só traz frustração para quem acredita nisso. Eu aprendi muito na faculdade e aprendo muito nos cursos que faço até hoje, mas eu sinto que evoluo e mudo de patamar profissional quando passo por situações desafiadoras no trabalho. Situações que não tenho a resposta em algum livro e que me fazem pensar em formas de resolver com todo o conhecimento que tenho são o que me tornam uma profissional mais avançada.
Eu posso dizer com muita tranquilidade que a profissional que fui no meu primeiro emprego é muito diferente da profissional que sou hoje. E mesmo tendo feito uma transição de carreira, as soft skills que aprendi ao longo do caminho seguem úteis. Mesmo lendo a teoria sobre várias habilidades, foram as experiências do dia a dia que me permitiram entender se conseguiria aplicar elas no meu trabalho ou não.
Resumindo o que quero falar aqui: evolução leva tempo. Nós vemos histórias online sobre sucesso instantâneo e acredito que isso passa a mensagem de que tudo vem fácil. Construir uma credibilidade leva tempo e nada garante que as pessoas vão se interessar pelo que você tem para oferecer. Tudo o que é publicado na internet é uma aposta. E se a sua intenção é ter seguidores e fama, é uma aposta mais arriscada. Agora se a sua intenção é levar valor para outras pessoas, a aposta é mais tranquila. Porque não importa se uma ou cem pessoas leram o que você compartilhou. Se alguém se beneficiou com o que você criou, a sua aposta já foi ganha e o seu esforço valeu a pena.
Quanto à pressa na carreira, é a mesma coisa. Você constrói as suas habilidades ao mesmo tempo que constrói a sua credibilidade. Ou seja, você aprende as hard skills e soft skills necessárias para executar o seu trabalho e cultiva relacionamentos profissionais que vão facilitar a sua atuação. E tudo isso leva tempo. A não ser que você esteja interessado em aprender de forma superficial e focar apenas nas suas responsabilidades sem chance de crescimento.
Acredito que precisamos aprender a ter mais paciência e a apreciar cada passo do caminho. Se você tem um projeto, mantenha ele porque é interessante para você. Se você tem um interesse de carreira, trabalhe e estude para avançar e aprender conforme avança, ficando pronto para assumir os próximos desafios.
Chega a ser um pouco triste ver o quanto as pessoas sofrem por acreditar que tudo deveria acontecer rápido. A menos que você seja herdeiro, nada vai estar disponível para você sem esforço e sem dedicação. Infelizmente, precisamos estar ciente que mesmo assim nada é garantido. A minha mensagem principal aqui é que você pense no quanto está dando atenção para pessoas que vendem ilusões e não se importam caso você não consiga resultados com os conselhos milagrosos.
🪴 Organização pessoal: Organizando leituras no GoodNotes
Seção para reforçar o meu compromisso de manter a minha própria organização.
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Organizando leituras no GoodNotes
Já compartilhei no blog sobre como leio livros de não ficção e sobre o GoodNotes, mas nunca falei no detalhe sobre como faço as minhas anotações. Com o volume de livros que leio e com a condução do Clube do Livro para Introvertidos, criei um sistema simples de anotações que me ajuda muito na revisão do conteúdo. E é esse sistema que pretendo compartilhar hoje.
Gosto de fazer anotações dos livros enquanto leio por dois motivos:
Me forço a entender bem o que estou lendo para poder condensar ou copiar trechos para o meu arquivo
Finalizo a leitura tendo um arquivo com todas as anotações para ler novamente os pontos principais do livro quando quiser
Pensando nesses dois pontos, montei a estrutura da minha organização dentro do GoodNotes.
Organização dos arquivos
Dentro da tela inicial do GoodNotes, organizo os arquivos em pastas, com uma dedicada para as anotações de todos os livros que leio. Dentro dessa pasta, crio um caderno para cada livro.
Como anoto cada informação
Dentro de cada caderno, inicio as anotações com o título e o nome do autor do livro. Depois, vou fazendo as anotações com a indicação de qual capítulo ela é. Assim, fica mais fácil caso eu queira reler algum item no próprio livro no futuro.
Citações
As citações que acho mais interessantes são copiadas para o arquivo entre aspas. Com essa indicação, sempre sei diferenciar o que copiei exatamente igual ao livro e o que escrevi com as minhas próprias palavras para resumir e/ou entender melhor.
Anotações
Quando algum conceito é apresentado de forma mais extensa, costumo fazer um resumo para entender melhor o que acabei de ler. Essas anotações são feitas sem nenhuma marcação específica no arquivo.
Conceitos
Os conceitos apresentados no livro são anotados com o nome do conceito seguido da definição. Para ficar mais claro no documento, costumo usar o marcador colorido para destacar o nome.
Para ficar mais claro, incluí no print as indicações de cada tipo de informação:
No clube do livro, é a partir desse arquivo que gero o material complementar. Anotar tudo nesse formato durante a leitura torna muito mais fácil compilar as informações posteriormente. Além de organizar o material, também é uma atividade que me ajuda a revisar o que li, de forma bem natural.
Anotar o que acho interessante enquanto escrevo torna a leitura um pouco mais demorada. Por isso, reservo essa prática apenas para livros que quero absorver melhor o conteúdo.
Um ponto que vale destacar é que eu já usava esse formato quando anotava sobre os livros no papel, num mini fichário. Então, caso você não tenha um tablet, é possível seguir essas dicas de organização mesmo assim.
📄 Notas quinzenais
Uma curadoria sobre tudo o que chamou a atenção nos últimos dias. Por William Brendaw.
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Uma ótima análise sobre a força da pirataria nos dias de hoje (tanto a física quanto a digital), principalmente no âmbito do roubo de propriedade intelectual para treinar ferramentas de inteligência artificial.
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O maior personagem dos "cripto-manos" está sendo sentenciado pelos seus crimes financeiros. Por causa disso, toda uma filosofia megalomaníaca dos bilionários de tecnologia está sendo colocada em cheque.
Conteúdo em inglês.
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A introdução deste filósofo à natureza do tempo pode alterar radicalmente como você vê seu passado e imagina seu futuro.
Conteúdo em inglês.
📚 Lista de leitura
Registro de todos os livros que li desde o último envio da newsletter. A lista completa de livros que prometi ler esse ano pode ser vista no post Lista de leitura 2024.
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Os dois livros que li nos últimos 15 dias foram do BibliON e, infelizmente, as listas do app não estão aparecendo. Já enviei um email abrindo um chamado e mantive os links na seção com a esperança de que vão ajustar.
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Chega a ser vergonhoso conhecer tantas culturas internacionais e perceber que não conhecia nem um pouco a visão indígena sobre a criação do mundo. Os capítulos apresentam a história na língua original, junto da tradução, seguida de um capítulo que explica o significado dessa história. Achei um formato bem interessante.
Leitura de abril do desafio de leitura BibliON. Adicionado na minha lista do aplicativo.
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Todos os dias são meus - Ana Saragoça
Li esse livro após ver ele sendo recomendado no Reddit. Só percebi que era em português de Portugal depois que já tinha iniciado, mas, por ser curto, decidi seguir com a leitura.
A história é interessante e me prendeu bastante. Acontecem algumas reviravoltas, mas acho que seria muito melhor se fosse em português do Brasil mesmo. Achei que superaria as diferenças da língua e no final senti que perdi um pouco do charme da história.
Adicionado na minha lista do BibliON.
💻 Últimos posts do blog
Seção onde envio as atualizações do blog, sempre no estilo slow blogging.
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Insights
Depois de fazer o curso sobre a ciência do bem-estar, segui estudando sobre o tema. Nesse post, compartilho os ensinamentos sobre felicidade apresentados no livro "O jeito Harvard de ser feliz" e compartilho como sigo essas dicas na minha rotina.
Texto 4/6 do desafio Mini1000.
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Livros
Minha relação atual com a leitura
Diferente de muitas pessoas, eu não comecei a ler quando era criança e levei o hábito até a vida adulta. Eu tive uma quebra bem grande e precisei retomar. Mas, como muitas pessoas, o período da quarentena serviu para retomar o prazer de ler.
Nesse post, compartilho a minha jornada e os conselhos que gostaria de passar para todas as pessoas que converso sobre como ler é bom demais.
Texto 5/6 do desafio Mini1000.
Mais uma vez deixo aqui uma história curiosa para quem lê até a newsletter até o final. Dessa vez, quero compartilhar uma situação que estava me afligindo muito no início desse mês: eu iria palestrar num evento aberto para a empresa inteira.
Caso você acompanhe o que eu escrevo, deve saber da minha dificuldade de falar em público e dos passos que venho dando para superar essa trava. Essa apresentação era mais um passo em direção ao meu objetivo de conseguir falar bem.
Nos dias anteriores, eu estava bem tranquila. Mas, na manhã da apresentação, eu comecei a me sentir enjoada e a ter um frio na barriga bem diferente do normal. Para conseguir entender como passaria por essa situação, fiz uma espécie de diário para registrar como eu estava antes e depois da apresentação. Pensei em transformar em post, mas achei melhor incluir aqui.
Seguem os meus registros feitos antes e depois da apresentação:
😖 Antes da apresentação:
No momento que escrevo esse texto, faltam aproximadamente duas horas para o início da minha palestra sobre autoliderança. Comecei a ficar nervosa ontem de noite e já fiz exercícios de respiração, meditação e muita reclamação sobre o meu estado atual.
Para me acalmar, fiz a seguinte lista de itens:
Se eu não aparecer é pior
É uma chance de divulgar um assunto que gosto
É uma chance de ser conhecida por outras áreas
É uma forma de vencer a barreira de falar em público
Não tem como ser tão ruim a ponto de ser demitida por causa de uma palestra
Nem todos esses pensamentos estão me ajudando (principalmente o primeiro e o último), mas não consigo parar de pensar nessa lista.
O café da manhã, que foi o mesmo todos os dias, caiu mal e parece que estou com pedras no estômago. A dor de barriga já apareceu e vou me limitar nesse comentário e compartilhar somente isso.
Recebi muitas mensagens motivacionais, que falam o quanto estou preparada e o quanto eu sei sobre o assunto. Eu já ensaiei essa apresentação tantas vezes, que parece que eu até já fiz ela.
Engraçado pensar que vou falar sobre autoliderança e eu mesma não consigo me direcionar para um estado mais calmo.
😌 Depois da apresentação:
Simplesmente a prova final do quanto eu sou ridícula. A apresentação foi ótima, várias pessoas interagiram e passaram feedbacks positivos.
Eu me senti muito calma durante toda a apresentação e o nervoso que tive foi muito maior esperando o dia da apresentação do que realmente apresentando.
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Eu leio esses meus registros e tenho até vontade de rir. O nervoso e a ansiedade com a expectativa de iniciar a apresentação foram enormes e, na hora que começou, parece que um peso saiu das minhas costas.
O que tiro de conclusão dessa experiência é que eu não vou conseguir superar esse receio de falar em público se eu não me expor cada vez mais às situações em que posso praticar essa habilidade. O medo estava me paralisando, mas ver que as pessoas entraram em uma reunião somente para me ouvir foi reconfortante.
Espero que compartilhar essa experiência te ajude a enfrentar os seus medos também. Não precisa se atirar com tudo, mas ir aumentando a sua zona de aprendizado funciona e eu consegui ver isso na prática.
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Por hoje é isso, boa quinzena!